O Voto de Castidade: reflexões a partir do magistério do Papa Francisco.

Frei Vanildo Luiz Zugno[1]

Da cultura hedonista…

O propósito do Vaticano II foi o de, à luz do Espírito Santo, colocar a Igreja em diálogo com o mundo moderno. Uma tarefa gigantesca, já que, desde o Concílio de Trento, a Igreja Católica mantinha-se numa atitude de combate a tudo o que fosse visto como fruto da modernidade. Vivíamos no séc. XX usando as roupas, os costumes, a liturgia, a moral, a filosofia, a teologia e as estruturas eclesiais do séc. XVI ou XVII.

O desafio da reforma conciliar foi ainda mais radical porque coincidiu com um período em que o Ocidente passava por uma rápida transformação. Nos pós-guerra, a economia dos Estados Unidos e da Europa cresceu de forma sustentada por quase duas décadas gerando desenvolvimento que, guiado por experiências políticas democráticas, possibilitou o surgimento do estado de bem-estar social que deu condições de vida digna para boa parte da população. Fome, desemprego, falta de moradia, de acesso à saúde e educação, eram fantasmas que pareciam ter ficado no passado da história.

Foi uma época de grandes conquistas científicas e tecnológicas. Pensemos, por exemplo, no significado da conquista do espaço e, na sua sequência, em todas as novas possibilidades de comunicação que se criaram através dos satélites. A televisão tornou visualmente presente aquilo que antes era notícia distante. A universalização da educação fez com que as aquisições científicas se tornassem acessíveis a um setor muito mais amplo da população.

A juventude, com condições econômicas e acesso à educação, emergiu como um sujeito importante da consciência e ação social. Os protestos contra a Guerra do Vietnã e pelos direitos civis nos Estados Unidos e o “maio de 68” na Europa são símbolos da mudança cultural protagonizada pelos jovens. A valorização da subjetividade – expressa filosoficamente pelo existencialismo – que contesta todo tipo de repressão, seja ela política, econômica, moral ou sexual, é um dos eixos principais desta nova cultura.

Ao lado dos jovens, as mulheres foram as protagonistas desta nova cultura. O pleno emprego possibilitou que elas deixassem as atividades “do lar” e ingressassem no mercado do trabalho. Tal passagem lhes ocasionou o fim da dependência econômica em relação aos pais/esposos e a possibilidade de autonomia social. Tal avanço foi potencializado pela descoberta e disponibilização no mercado de anticoncepcionais que desvincularam a sexualidade da reprodução. À mulher, pela primeira vez na história, era possibilitado, de forma simples e acessível, o exercício da sexualidade sem o risco da concepção. Junto com o acesso à educação, estava criado o caldo para a emergência do movimento feminista e o questionamento do patriarcado.

A psicologia, principalmente a de corte freudiano, levantou os tabus com os quais a sociedade ocidental, principalmente através da religião, havia erigido em torno à sexualidade. Se antes o prazer sexual era proibido e condenado, agora passou a ser exigido e liberado. De forma caricatural, podemos dizer que, se antes da revolução cultural dos anos 1950 e 1960, casar virgem era uma exigência moral e legal, agora, quem não tivesse relações sexuais antes do casamento era visto como exótico e anormal.

A VRC foi atingida frontalmente por esse fenômeno. O estado de bem-estar social colocava em questão a pobreza entendida como privação. O “proibido proibir” socavou as bases da obediência calcada no binômio autoritarismo-subserviência. E a liberação da libido como princípio da afirmação do humano rompeu os diques da castidade entendida como negação do afeto e da sexualidade.

A crise da VRC durante e no pós-Concílio foi global e teve suas raízes nas mais variadas dimensões, desde a política, passando pela eclesial e até na redescoberta da subjetividade e do valor do indivíduo. No conjunto, no entanto, a sexualidade jogou um papel fundamental. Basta, por exemplo, ver a quantidade de livros de psicologia que foram incorporados no final da década de 1960 e início da década de 1970 às bibliotecas das comunidades religiosas e os conteúdos dos cursos de formação ministrados nos diferentes projetos que buscavam a renovação da Igreja e da VRC.[2]

É verdade que, naquele período, o Brasil e a América Latina viviam um contexto muito diferente do norte-americano e do Europeu. Por aqui as ditaduras militares, através da violenta repressão aos movimentos populares, garantiam uma política econômica que avalizava a dependência dos nossos países ao capital internacional à custa da pobreza da maioria das populações. Enquanto a Europa vivia o Maio de 1968 libertário, o Brasil sofria o AI5 autoritário. E isso também era motivo para que, na sociedade, grassasse a ânsia por liberdade, apesar de toda repressão.

Mas o fato de a maioria do clero e dos religiosos e religiosas residentes na América Latina serem nascidos na Europa e as instituições ainda manterem fortes vínculos com aquele continente, fez com que o contexto cultural europeu repercutisse de forma significativa também aqui.

É nesse contexto de mudança cultural que aconteceu o Vaticano II e, dentro dele, o Decreto Perfecta Caritatis sobre a Conveniente Renovação da Vida Religiosa, que busca colocar esta forma de vida em diálogo com a modernidade.

No que se refere à castidade – tema deste nosso texto – o pano de fundo epocal aparece claramente. O documento conciliar chama os religiosos e religiosas a não se deixar “mover pelas doutrinas daqueles que apresentam a continência perfeita como impossível ou nociva à perfeição humana” (PC 12). Fazendo um aceno positivo aos avanços científicos e culturais da época, a Perfecta Caritatis reconhece a necessidade de não descuidar dos “meios naturais que favorecem a saúde mental e corporal”. Não deixa, no entanto, de colocar um pé no freio ao afirmar, seguindo a postura tradicional, que os candidatos e candidatas sejam “instruídos sobre os perigos que ameaçam a castidade” sendo, entre outros, a mortificação e a guarda dos sentidos instrumentos para garantir a perfeita continência.

Trinta anos depois, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Vita Consecrata, a cultura hedonista resultante das transformações dos anos sessenta continua a ser apontadas pelo Papa João Paulo II como um perigo para a vivência da castidade na VRC:

A primeira provocação provém de uma cultura hedonista que separa a sexualidade de qualquer norma moral objetiva, reduzindo-a frequentemente ao nível de objeto de diversão e consumo, e favorecendo, com a cumplicidade dos meios de comunicação social, uma espécie de idolatria do instinto. As consequências disto estão à vista de todos: prevaricações de todo o género, geradoras de inúmeros sofrimentos psíquicos e morais para os indivíduos e as famílias. (VC 88)

“Equilíbrio, domínio de si, espírito de iniciativa, maturidade psicológica e afetiva” e “disciplina” continuam a ser apontados como os melhores remédios para permanecer na fidelidade à consagração. (VC 88).

…à crise dos abusos.

Se, por um lado, como disse o Concílio e reafirmou João Paulo II, as mudanças foram ocasião para a irrupção de uma cultura hedonista no que se refere à sexualidade, elas também foram oportunidade para que viesse à tona um outro fenômeno maligno de nossa sociedade: a violência de gênero e, como sua expressão mais perversa, os abusos sexuais.

Enquanto a sexualidade era tabu e o machismo vivido como parte da cultura dominante, tais realidades eram aceitas como normais ou ocultadas pelas famílias, pela Igreja e pela sociedade. Às mulheres cabia proteger-se e, quando isso não era suficiente para escapar incólumes da agressão masculina tida por natural, o melhor era calar-se, fazer de conta que nada tinha acontecido e carregar consigo, pelo resto dos seus dias, o trauma da violência e dos abusos. Pactos de silêncio envolviam os abusos e endureciam o coração de agressores, agredidos/as e encobridores tendo como consequência, além das vidas destruídas, a incapacidade de relações e expressões de afeto e amor.

A nova realidade social e cultural, em que falar de afeto e sexualidade é possível, fez com que o véu do silêncio fosse pouco a pouco levantado. E a realidade que emergiu se mostra a cada dia mais crua e dura. Os números, mesmo sabendo que, em muitos casos, são subestimados, nos dão uma dimensão de um problema que não é só estatístico. Estamos falando de vítimas, pessoas que têm a sua identidade e a sua intimidade invadida e violentada.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em nível mundial, aproximadamente 35% das mulheres sofreram violência física e/ou sexual por parte do parceiro ou de terceiros em algum momento de sua vida. A maior parte – 30% – é infligida por parceiros. Dos assassinatos de mulheres, 38% são perpetrados por um parceiro masculino. 20% das mulheres e entre 5-10% dos homens foram vítimas de violência sexual na infância. Neste caso também, a quase totalidade dos agressores faz parte do círculo de relações próximas das vítimas. Nos países pobres, os índices são três vezes superiores aos dos países ricos (OMS/OPAS, 2020).[3]

No Brasil, no ano de 2018, foram registrados 1,6 milhões de casos de espancamento ou tentativas de estrangulamento contra mulheres. No mesmo período, 22 milhões de mulheres (37,1% da população feminina do país) passou por algum tipo de assédio. E, mais uma vez, a casa é o lugar mais perigoso para as mulheres: 42% dos casos de violência ocorreram em ambiente doméstico. E as pessoas conhecidas são as mais perigosas: 76,4% dos agressores eram conhecidos das vítimas. (FRANCO, 2019). Temos a quinta maior taxa de abusos do mundo. Em números absolutos, no ano de 2018, segundo o Fórum Nacional de Segurança Pública, a cada hora, no Brasil, 536 mulheres foram agredidas (LIBÓRIO, 2019).

Dentro do Brasil, a violência não é uniforme. Enquanto nos estados do sul e sudeste o índice é de 3 a 4 casos por cem mil habitantes, em estados do Centro-Oeste, Norte e Nordeste, o índice passa dos 8 por cem mil habitantes. E, o que é pior: em alguns estados o poder público sequer elabora registros dos fatos ocorridos. É como se a violência contra a mulher, para as autoridades públicas, não existisse. (SENADO FEDERAL 2016).

O silenciamento da violência contra a mulher é ainda mais notório quando feito contra mulheres negras. Um terço dos estados não inclui no registro de ocorrência o fator raça. Quando este dado é disponibilizado, encontramos que 75% das mulheres assassinadas são negras. Quando a violência cometida contra mulheres negras – assassinato ou estupro – é cometida em ambiente doméstico, o índice baixa para 50%. Considerando que a população autodeclarada negra é de 56%, constata-se que as mulheres negras sofrem muito mais violência fora do que dentro de casa. (VELASCO; GRANDIN; CAESER; REIS, 2020).

Mesmo que avanços legais como a Lei Maria da Penha e movimentos culturais como o #MeToo comecem a mostrar seus efeitos, levando a que 94% dos brasileiros afirmem que “homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia”, 63% ainda concordam que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família” e 89% pensam que “roupa suja deve ser lavada em casa” e 82% que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” (LIBÓRIO, 2019).

A Igreja não passou incólume a todo este movimento de desvelamento e denúncia dos abusos. Se, nas últimas décadas do séc. XX houve um movimento para ocultar e negar os abusos cometidos por membros da hierarquia e da vida religiosa, nas primeiras décadas do séc. XXI, tal atitude se mostrou, além de ineficaz, contra produtiva. O que, no início, pareciam ser casos isolados, pouco a pouco revelaram-se o iceberg de uma prática com raízes institucionais. Além dos muitos casos acontecidos em praticamente todos os países da Europa, foi nos Estados Unidos que a crise teve as suas maiores dimensões levando o Papa a escrever a Carta aos Bispo onde, após reconhecer aos fatos, afirma que, por eles, “a credibilidade da Igreja foi posta fortemente em questão e debilitada por estes pecados e crimes, mas especialmente pela vontade de os querer dissimular e esconder, o que gerou maior sensação de insegurança, de desconfiança e de falta de proteção nos fiéis” e que “a atitude de ocultamento, como sabemos, em vez de ajudar a resolver os conflitos, permitiu que os mesmos se perpetuassem e ferissem mais profundamente a trama de relações que hoje somos chamados a curar e recompor” (FRANCISCO, 2019).

No Chile, os escândalos de pedofilia revelaram uma cultura do abuso institucionalmente arraigada que resistiu à investigação vaticana e que só foi destapada com a visita do papa e a ferrenha insistência das vítimas para que tudo viesse à tona. A crise foi tão forte que levou à renúncia de todo o episcopado chileno (PACHO, 2018).

Um dos últimos focos da crise a emergir dolorosamente, é o do abuso sexual cometido por bispos, padres e religiosos contra religiosas. Se, desde o fim do século passado, já havia denúncias que circulavam nos ambientes institucionais da Igreja, elas só se tornaram públicas nos últimos anos. E mostraram talvez o lado mais pérfido de um sistema de poder, no próprio interior da Igreja, que sacraliza a subjugação e a violência de gênero. E são fatos que aconteceram não apenas em países e igrejas pobres do terceiro mundo. Estados Unidos e Europa – Roma incluída – também foram cenário de violência sexual de padres e religiosos contra freiras (PREZZI, 2020).

Na carta aos bispos dos Estados Unidos, o Papa Francisco situa a crise dos abusos sexuais em um horizonte mais ampla. Segundo ele, os abusos sexuais estão intimamente relacionados com os abusos de consciência e de poder e a sua solução “exige não só uma nova organização, mas também a conversão da nossa mente (metanoia), do nosso modo de rezar, de gerir o poder e o dinheiro, de viver a autoridade e até como nos relacionamos entre nós e com o mundo” (FRANCISCO, 2019).

Num caso indiano que causou comoção na igreja local e teve repercussão mundial, assim como no Chile onde religiosos, padres e bispos acusados de pedofilia só foram removidos após processos civis, a Igreja relutou em tomar a defesa das irmãs estupradas e só retirou o bispo de suas funções após protestos públicos e condenação na justiça do Estado (Papa Francisco…, 2018).

Abusos que, infelizmente, não são exclusividade masculina. Dado o fato de que, como diagnosticado pelo Papa, a violência sexual é conexa aos abusos de consciência e poder, começam a emergir, cada vez mais frequentemente, casos de abusos sexuais no interior até mesmo das congregações femininas (AVIZ, 2020).

Um coração indiviso para novas relações

O que vem antes: a cultura hedonista ou a crise dos abusos? Se, do ponto de vista cronológico, não há dúvidas de que a emergência da cultura hedonista precede a crise de abusos, uma busca das raízes de ambos os fenômenos pode levar ao dilema do ovo e da galinha. Ou melhor: mostra que ambos têm suas raízes no individualismo que “favorece um estilo de vida que debilita o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas” (EG 67).

Individualismo cuja fonte profunda é o antropocentrismo despótico (LS 68) e desordenado (LS 118-119) que apresenta como justificável a atitude de submeter todas as coisas, os seres vivos e as outras pessoas para a satisfação dos próprios desejos. Dominação que pode efetivar-se, dependendo da ocasião e das circunstâncias, através de sutil persuasão ou de forma brutal e violenta.

Como já o assinalava João Paulo II, o grande desafio para a vivência da castidade é o de estabelecer relações transparentes com Deus, com as coisas, com as outras criaturas e com os seres humanos (VC 88). Numa sociedade baseada no interesse, em que os relacionamentos não são vistos como um fim em si mesmos, mas como um meio para alcançar o domínio a própria satisfação, o voto de castidade “tem o valor simbólico do amor que não necessita possuir o outro, refletindo assim a liberdade do Reino dos Céus” (AL 161).

Diferentemente do que uma certa ascética tradicional ensinava, a castidade não implica em não estabelecer vínculos com as pessoas. Pelo contrário. Ela os cria. Mas os vínculos que nascem da castidade, diferentemente dos que tem como fonte o individualismo e o antropocentrismo, não atam as pessoas e nem as impedem de que se lancem em direção a algo mais. Nesse sentido, “a virgindade é uma forma de amor” (AL 159) que, na VRC, torna-se um sinal que recorda a solicitude pelo Reino e a urgência de entregar-se sem reservas a seu serviço.

Se não vivido nesta perspectiva de um amor liberto, oblativo e aberto às necessidades do Reino, “o celibato corre o risco de ser uma cômoda solidão, que dá liberdade para se mover autonomamente, mudar de local, tarefa e opção, dispor do seu próprio dinheiro, conviver com as mais variadas pessoas segundo a atração do momento” (AL 162). Em outras palavras, a castidade vista apenas como a negação de vínculos e relações, torna-se extremamente funcional ao sistema individualista e consumista e induz a transferir para as relações pessoais a “cultura do descarte” (LS 20-22) que transforma o outro e, de modo especial, o seu corpo, em objeto de consumo para a própria satisfação (AL 162). Infelizmente, como podemos tantas vezes constatar na VRC, da posse ao uso e abuso, há apenas um passo muito fácil de ser franqueado.

Viver a castidade é nadar contracorrente na cultura hedonista e da instrumentalização que vê as outras pessoas como um meio e não como um valor absoluto (GE 65-67). Na dimensão da construção de uma interioridade que lhe dê suporte, ela busca seu fundamento na pureza de coração preconizada por Jesus nas bem-aventuranças: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 58,8).

Na tradição bíblica, o coração é o centro dos sentimentos, pensamentos e intenções da pessoa humana. A palavra “coração” indica a totalidade e unidade do ser humano, corpo e alma, sua capacidade de amar e ser amado. Viver castamente é entregar-se sem reservas, integralmente, em todo o seu ser: corpo, alma e espírito (1Tes 5,23). Para ser casto, não basta abster-se de relações sexuais ou atos eróticos. É preciso ter o coração indiviso “para que mais se acenda na caridade para com Deus e para com todos os homens” (PC 12).

Quanto à pureza, é necessário voltar ao sentido que Jesus lhe dá nas bem-aventuranças. A palavra utilizada por Mateus é katharos, que significa limpo, livre de substâncias contaminadoras. Se tomamos tal palavra no contexto dos evangelhos, vemos que, para Jesus, tal pureza não está, como no judaísmo farisaico, ligada ao sistema ritual que proibia o contato com coisas e pessoas tidas por impuras. Para Jesus, a pureza não implica em distância daquilo que pode me contaminar. Pelo contrário, ele se dá a liberdade de tocar pessoas e frequentar lugares considerados impuros. Àqueles que se escandalizavam com tais atitudes, ele afirma: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. (…) Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições, perversidade, má-fé, devassidão, inveja, maledicência, orgulho, desvarios” (Mc 7, 15.21-22).

Quem vive tal pureza não se preocupa com o que vem de fora. Por maior que seja o perigo, não o sente como uma ameaça pois sabe que o verdadeiro tesouro está no fundo de seu coração e se chama Deus e Seu amor incondicional para cada um e cada uma. Amor incondicional que faz crescer em nós a capacidade de amar e ser amados.

Quem abre seu coração para esse amor de Deus, é capaz de inserir-se na dinâmica de uma ecologia humana que permite pensar as relações como interdependência sem dominação e que se alegra com a liberdade de cada pessoa que é a garantia de liberdade de todos e que torna acessível a cada um e cada uma “o ar puro que provém das coisas belas, do amor verdadeiro, da santidade” (FRANCISCO, 2015).

Com isto está garantido o coração contra toda tentação, “pois um coração que sabe amar não deixa entrar na sua vida algo que atente contra esse amor, algo que o enfraqueça ou coloque em risco” (GE 83).

A disponibilidade para amar incondicionalmente encontra sua realização primeira na vida comum que religiosos e religiosas são chamados a constituir. Ela é a instância concreta onde se faz a primeira experiência, se exercita e, fortalecida nos embates da vida fraterno-sororal, cria a capacidade para abrir-se a todas as pessoas e ao mundo.

Mais do que nunca, na atual sociedade que através de cada vez mais sofisticados instrumentos tecnológicos, exacerba a capacidade de isolamento físico, é preciso redescobrir a “‘mística’ de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pouco caótica que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada” (EG 87).

Não é o isolamento que garante a castidade. Muito antes pelo contrário: “Fechar-se em si mesmo é provar o veneno amargo da imanência, e a humanidade perderá com cada opção egoísta que fizermos” (EG 87).

No dizer do Papa Francisco, a outra pessoa, não pode ser visto como uma ameaça para uma suposta pureza a guardar:

O ideal cristão convidará sempre a superar a suspeita, a desconfiança permanente, o medo de sermos invadidos, as atitudes defensivas que nos impõe o mundo atual. […] Entretanto o Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com o seu sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado. (EG 88).

O medo da proximidade do corpo do outro não tem raízes cristãs. Contra toda forma de gnosticismo e maniqueísmo, afirmamos, em nossa fé, que a salvação de Deus chegou até nós na carne de Jesus de Nazaré (GE 36-46). E, por isso, o corpo do outro não é ocasião de perdição, mas da salvação de Deus que perpassa a vida comunitária e todas as relações. Com efeito, “a verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros” (EG 88). Contra toda a frieza e rigidez que nasce do medo da proximidade física das pessoas, “na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura” (EG 88).

A verdadeira experiência religiosa na qual encontra sustento a opção pela virgindade, não busca o isolamento que, na maioria das vezes, é manifestação de um “consumismo espiritual à medida do próprio individualismo doentio” (EG 89). O modelo religioso ideal para a vivência de relações autênticas é o da religiosidade e da cultura popular que incluem relações pessoais com Deus, Jesus Cristo, Maria os santos que “têm carne, têm rostos” e, por isso, “estão aptas para alimentar potencialidades relacionais e não tanto fugas individualistas” (EG 90).

A solução não está em escapar da proximidade física: “é um remédio falso que faz adoecer o coração e, às vezes, o corpo” (EG 91). Para que a castidade se consolide na vida comunitária e seja fecunda na missão “faz falta ajudar a reconhecer que o único caminho é aprender a encontrar os demais com a atitude adequada, que é valorizá-los e aceitá-los como companheiros de estrada, sem resistências interiores” (EG 91). E viver esta experiência com o sentido da fé que consiste em “aprender a descobrir Jesus no rosto dos outros, na sua voz, nas suas reivindicações e aprender também a sofrer, num abraço com Jesus crucificado, quando recebemos agressões injustas ou ingratidões, sem nos cansarmos jamais de optar pela fraternidade” (EG 91).

Se queremos vencer as patologias que nascem do individualismo e do antropocentrismo e se expressam numa cultura hedonista e em tantas formas de agressão – físicas, psicológicas, morais e sexuais – contra as outras pessoais, é preciso cultivar, na experiência da comunidade “o modo de nos relacionarmos com os outros que, em vez de nos adoecer, nos cura é uma fraternidade mística, contemplativa, que sabe ver a grandeza sagrada do próximo, que sabe descobrir Deus em cada ser humano, que sabe tolerar as moléstias da convivência agarrando-se ao amor de Deus, que sabe abrir o coração ao amor divino para procurar a felicidade dos outros como a procura o seu Pai bom” (EG 92).

Passo a passo

Para alcançar o ideal de relações transparentes que possibilitem a vivência da castidade na VRC, há vários passos concretos que podemos, desde a formação inicial e a cada dia de nosso percurso como religiosos e religiosas, avançar na direção de uma vivência positiva de nossa condição masculina ou feminina e, a partir deste dado antropológico fundamental e tantas vezes esquecido, senão desprezado, criar as condições concretas para poder viver a castidade consagrada.

Iniciamos esse percurso com o chamado do Papa à aceitação da própria corporeidade. Parece óbvio demais. Mas não podemos desconsiderar o peso de uma cultura e de um cristianismo marcado pelo gnosticismo e sua apreciação negativa de tudo o que é material e corporal. Da não tomada de consciência podem nascer sentimentos e atitudes destruidoras em relação ao próprio corpo e à objetivação do corpo dos outros. Se às vezes as mutilações físicas e genitais nos horrorizam, não podemos nos conformar com o horror objetivo e subjetivo causado pela negação da própria corporeidade que se mostra no desleixo para com o próprio corpo e no vestir, na falta de cuidado com a higiene e saúde, na obesidade mórbida ou bulimia, no trabalho compulsivo, nos hábitos e vícios que afetam o corpo e levam à doença e morte prematura de tantos religiosos e religiosas. Ou então, religiosos e religiosas que, vivos no corpo, estão mortos na alma, mortos existenciais, zumbis a vagar sem sentido pela vida, robots que só se movem sob o comando de outrem, seja o superior ou a superiora, ou as solicitações que os sugam desde as mídias digitais.

Descuido com o próprio corpo que se estende na falta de cuidado para com a corporeidade dos outros humanos e de todas as criaturas. Como lembra o Papa Francisco, “para além de compreensíveis dificuldades que cada um possa viver, é preciso ajudar a aceitar o seu corpo como foi criado, porque uma lógica de domínio sobre o próprio corpo transforma-se numa lógica, por vezes sutil, de domínio sobre a criação” (AL 285).

A segunda razão para que conheçamos, cuidemos e prezemos o próprio corpo, é que nele se conforma o primeiro espaço de nossa identidade sexual. É o corpo quem, em primeiro lugar, nos diz da nossa identidade masculina e feminina. E, ao nos descobrirmos como varões ou fêmeas, nos damos conta de que existe o diferente de nossa própria identidade que precisa ser respeitado em sua alteridade.

Reconhecimento do diferente que impede a caída na absolutização do próprio modo de ser. Aqui, mais uma vez, lembramos as palavras do Papa Francisco: “só perdendo o medo à diferença é que uma pessoa pode chegar a liberta-se da imanência do próprio ser e do êxtase por si mesmo [e] aceitar o próprio corpo, de modo que a pessoa não pretenda cancelar a diferença sexual, porque já não sabe confrontar-se com ela” (AL 285).

Nesta direção, o Papa lembra que, se pelo dado biológico, o masculino e o feminino estão ligados, em primeira instância, à nossa corporeidade, “também é verdade que o masculino e o feminino não são qualquer coisa de rígido” (AL 286).

Segundo ele,

não se pode ignorar que, na configuração do próprio modo de ser – feminino ou masculino –, não confluem apenas fatores biológicos ou genéticos, mas uma multiplicidade de elementos que têm a ver com o temperamento, a história familiar, a cultura, as experiências vividas, a formação recebida, as influências de amigos, familiares e pessoas admiradas, e outras circunstâncias concretas que exigem um esforço de adaptação. (AL 286).

Conforme as diferentes culturas, lugares e tempos, os padrões do que é considerado como próprio do masculino e do feminino podem e devem mudar. O grande perigo é a rigidez que se transforma numa exacerbação de uma determinada forma do masculino ou do feminino (AL 286). O masculino entendido como grosseria e o feminino como fragilidade são manifestações da inflexibilidade que impede “o desenvolvimento da capacidade de cada um, tendo-se chegado ao ponto de considerar pouco masculino dedicar-se à arte ou à dança é pouco feminino desempenhar alguma tarefa de chefia” (AL 286). Todas as habilidades que não dependem apenas do dado biológico são próprias tanto dos homens como das mulheres.

Para ir além da rigidez dos tipos masculinos e femininos, é desejável que incluamos em nossos programas de formação permanente a educação afetiva e sexual para a vida religiosa. O voto de castidade não nos torna assexuados! Continuamos, durante toda a nossa vida, em nossa condição sexual e de gênero e precisamos aprender a viver nela e nas transformações pelas quais passa durante os vários períodos (AL 281). Tanto do ponto de vista biológico como do ponto de vista psicológico, nosso ser homem ou mulher vai se transformando ao longo da existência. Em cada etapa da vida – adolescência, juventude, vida adulta, velhice – vivemos essa condição de um modo diferente e é preciso dar-se conta e refletir sobre ela.

Óbvio que não se trata, como lembra o Papa Francisco (AL 283), de cair na simplificação de que educação sexual significa apenas “proteger-se” dos outros. Isso o fizemos por muito tempo. O “cavete a mulieribus” era, para muitos religiosos homens, a única regra de educação sexual que recebiam. É preciso passar de uma educação defensiva e proibitiva para uma educação oblativa, onde a castidade é vista não como uma privação, mas como uma transfiguração amorosa da própria sexualidade e afetividade em favor dos privados de amor na sociedade. Só assim a abstinência do exercício da sexualidade será uma expressão do amor, do cuidado, da ternura respeitosa e de uma comunicação rica de sentido (AL 283).

A educação sexual também é importante para criar um espaço onde se possa conversar sobre temas que, de tão reais, temos dificuldade de afrontá-los de forma calma e transparente. Um deles é o da homossexualidade. Principalmente nas comunidades masculinas. Mas também nas femininas. Assim como na sociedade, também na VRC, a existência de pessoas homossexuais é um fato que não podemos negar. Com o agravante de que, nas comunidades religiosas, ele tem dimensões muito mais significativas que na sociedade em geral. Enquanto na sociedade brasileira, a porcentagem de homens homossexuais é de em torno a 10% (MOSAICO BRASIL, 2008 apud TRINDADE, 17), nos anos iniciais da VRC masculina, o percentual dos que afirmam a mesma condição em si mesmo e a constatam em seus colegas, se estabelece entre 80 e 90% (ALVES DOS SANTOS; GUARESCHI, 2017, p. 368-387; ALVES DOS SANTOS, 2016). Para as comunidades femininas, não há dados disponíveis sobre essa realidade.

É preciso conversar sobre isso! O silêncio faz sofrer tanto os/as que vivem a condição homossexual como os/as que com eles/elas convivem. Silêncio que, muitas vezes, evolui para preconceito ou agressividade dissimulada, quando não, explícita. Ou então se transforma em um jogo de poder onde a moeda de troca é a ocultação ou explicitação da condição homossexual (ALLEN Jr., 2016).

O primeiro passo para tratar com maturidade a temática da homossexualidade na VRC é fazer valer o princípio geral válido enunciado pelo Papa:

A Igreja conforma o seu comportamento ao do Senhor Jesus que, num amor sem fronteiras, Se ofereceu por todas as pessoas sem exceção. […] Por isso desejo, antes de mais nada, reafirma que cada pessoa, independentemente da própria orientação sexual, deve ser respeitada na sua dignidade e acolhida com respeito, procurando evitar qualquer sinal de discriminação injusta e particularmente toda a forma de agressão e violência.” (AL 250).

A partir desta base válida para todos, podemos dar o segundo passo e construir um caminho para que os religiosos e religiosas homossexuais que estão ou que venham ingressar em nossas comunidades “possam dispor dos auxílios necessários para compreender e realizar plenamente a vontade de Deus na sua vida” (AL 250).

Outro passo a ser dado, é a necessidade urgente de que falemos e atuemos nos casos de abusos sexuais cometidos por religiosos/as sobre pessoas vulneráveis e entre religiosos/as. Não são numerosos, é certo. Mas são indicativos de que algo não está bem e precisa ser sanado. Não apenas para os/as que os cometem ou deles são vítimas. Mas também na comunidade que finge não ver ou os tolera e se torna conivente com eles. Muitas congregações já estabeleceram protocolos para prevenir e tratar tais situações. É necessário avançar nesses procedimentos institucionais para que, num breve tempo, se tornem apenas memória de um tempo que queremos não mais retorne.

Esse avanço rumo a um futuro sem distorções e manifestações patológicas da sexualidade e do erotismo será consolidado com uma mudança de mentalidade em relação ao sexo. É preciso voltar às origens e reconhecer que “o próprio Deus criou a sexualidade, que é um presente maravilhoso para com as criaturas” (AL 150). Negar o valor do sexo humano ou reduzi-lo à simples necessidade de procriação é uma interpretação errônea da mensagem cristã. O prazer sexual – assim como os outros prazeres inerentes à condição humana – é um dom “simplesmente divino” (Papa Francisco…, 2020). Ele expressa, de forma profunda e íntima, a necessidade que toda pessoa tem de dar-se e de receber. Como bem lembra o Papa Francisco, nenhuma pessoa, religiosos e religiosas incluídos/as, pode viver exclusivamente do amor oblativo, descendente. [Ninguém] pode limitar-se sempre a dar, deve também receber. Quem quer dar amor, deve ele mesmo recebê-lo em dom” (AL 157).

Manter-se casto e, ao mesmo tempo, cultivar a capacidade de dar-se e receber prazerosamente o/a outro/a, é um “equilíbrio frágil” porque, na prática do amor, “sempre permanece algo que resiste a ser humanizado e que, a qualquer momento, pode fugir-nos de mão novamente, recuperando as suas tendências mais primitivas e egoístas” (AL 157).

É muito bonito ver religiosos e religiosas que, vivendo o seu voto de castidade, são capazes de doar-se sem restrições aos outros, tanto na sua comunidade como na missão. Mas é muito triste ver alguns e algumas – poucos, é verdade – destes mesmos religiosos e religiosas, incapazes de acolher qualquer gesto de carinho e afeto vindo dos/as irmãos/as de comunidade ou das pessoas com as quais trabalha. São frias e eficientes máquinas de fazer caridade que tratam os destinatários de sua ação não como pessoas, mas como objetos manipuláveis em função da própria satisfação verbalmente negada, mas inconscientemente alimentada  como “ocasião e instrumento de afirmação do próprio eu e de satisfação egoísta dos próprios desejos e instintos” (AL 153). Busca de satisfação obliterada que pode, no limite, emergir e manifestar-se em formas patológicas de sexualidade, infelizmente presentes em comunidades religiosas e em instituições educacionais e caritativas por elas mantidas.

Concluindo

Viver a castidade em tempos de hedonismo e de violência sexual é um grande desafio. Ele envolve uma dimensão pessoal, uma escolha que cada um/a de nós fez e renova a cada dia de viver o amor de uma forma diferente, muitas vezes não compreendida. Viver um amor inclusivo, aberto a todos e a todas sem restrições, na capacidade de doar-se totalmente sem apossar-se de ninguém, estabelecendo relações profundas, transparentes e livres.

Um amor que exige maturidade – não é para todos nem para muitos! – e que precisa ser cultivado todo ao longo da vida, em suas diferentes circunstâncias e idades nas quais vamos evoluindo. Um amor centrífugo, que começa por conhecer-se e amar-se a si mesmo, em seu corpo e em sua sexualidade; passa pelos irmãos e irmãs da comunidade concreta na qual nos cabe conviver; se abre a todas as pessoas e criaturas, especialmente as que precisam de uma presença que as faça sentir-se amadas e, do início ao fim do caminho, se entrega no coração paterno e materno de Deus.

Um amor que se sabe difícil, que passa por momentos de sofrimento, pois só se ama quando se tem a coragem de ver e aceitar as pessoas reais, tais quais são, em sua condição concreta e não no imaginário de nossas projeções.

Um amor com dor, sim, mas um amor com valor, pois, se é verdade que toda forma de amor vale a pena, o amor que nasce da graça e dom absoluto e quer ser deles expressão, também é um caminho para a felicidade humana.

Referências

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Notas de rodapé:

[1]Frade Menor Capuchinho na Província do Rio Grande do Sul. Doutor em Teologia (EST – São Leopoldo, RS). Professor na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF, Porto Alegre).

[2] Em seu estudo sobre o clero no Brasil (diocesano e religioso), o brasilianista Keneth Serbin (2008) apresenta interessantes elementos que relacionam a crise política e a crise cultural, especialmente na dimensão afetiva. O que o autor diz da Vida Religiosa masculina serve de indicação também para a Vida Religiosa feminina.

[3] Os dados são do ano de 2017 e não levam em conta os países em situação de conflito, onde os números são imensamente superiores.