Arquivo mensal: maio 2010

Feminista diz em livro que movimento ecológico oprime as mães

Bebê sendo amamentado

Um livro escrito pela filósofa e feminista francesa Elisabeth Badinter, que será lançado este ano no Brasil, está causando grande polêmica na França por acusar os movimentos ecológicos de contribuir para a regressão do papel da mulher na sociedade ao “impor” a amamentação, o uso de fraldas de pano e a necessidade de alimentar os bebês somente com produtos naturais, preparados em casa.

O livro Le Conflit – La Femme et la mère (O Conflito – A Mulher e a mãe, em tradução literal – o título da edição brasileira, que deve ser lançada pela Editora Record até o final do ano, ainda não foi definido) já vendeu mais de 150 mil exemplares e está na lista de best-sellers na França desde seu lançamento, em fevereiro.

Atualmente na 11ª posição global, segundo o ranking da revista Livres Hebdo, o livro chegou a ser número um de vendas e ocupou durante várias semanas consecutivas o segundo ou terceiro lugares.

Segundo a autora, o discurso ecológico está limitando as mulheres ao papel único de mãe ao exigir uma série de comportamentos e deveres que tornam a maternidade um “trabalho em tempo integral”.

‘Tirania da mãe perfeita

Na prática, para Badinter, o movimento naturalista incitaria as mulheres a ficar em casa para cuidar dos filhos.

“Estamos assistindo a uma verdadeira mudança radical, que está ocorrendo de forma subterrânea. Há um aumento incrível dos deveres maternos. A natureza se tornou um novo Deus, com critérios morais que culpam quem não seguir o discurso”, disse Badinter em entrevista à BBC Brasil.

A filósofa afirma que “há uma tirania da mãe perfeita” e que “uma boa mãe”, nos dias de hoje, segundo as teorias ecológicas, é “aquela que amamenta durante pelo menos seis meses, não coloca o filho em creches tão cedo porque deve existir uma relação de fusão com a criança, não usa fraldas descartáveis nem alimentos industrializados”.

“Os potinhos para bebê se tornaram um sinal de egoísmo da mãe, então voltamos para os purês preparados em casa”, afirma.

“Em nome desta ideologia naturalista, nos países escandinavos quase não há mais anestesia peridural nos partos, ela até mesmo é fortemente desaconselhada”, diz Badinter.

Revolta

Na França, o livro suscitou inúmeras críticas de pediatras, políticos e até mesmo feministas, além de pessoas ligadas a movimentos ecologistas, que se autodenominaram “verdes de raiva” em relação ao livro em discussões na internet.

Não critico a amamentação. Só não quero que seja um modelo imposto. Nos hospitais, há pressão para que as mulheres façam isso. Mas a mamadeira também é boa para a criança. Não somos todas iguais, como chimpanzés. Há mulheres que não gostam de amamentar.

Elisabeth Badinter

“Tornar a ecologia responsável pelas carências herdadas do mundo patriarcal europeu é algo errado e estéril”, diz Cécile Duflot, secretária-geral do Partido Verde francês.

“Elisabeth Badinter deveria questionar as diferenças salariais entre homens e mulheres e o problema da divisão das tarefas domésticas.”

Duflot acrescenta, em resposta ao livro, que apesar de ela ser ecologista, em sua casa é seu marido quem toma conta dos filhos.

Crise econômica

Badinter também afirma que a primeira causa da regressão da condição feminina são as crises econômicas, “que mudaram profundamente as mentalidades”.

Ela diz que desde os anos 80 a situação no emprego vem se tornando mais difícil, principalmente para as mulheres, mal pagas e “demitidas como um lenço de papel usado”.

“As mulheres passaram a questionar se valeria a pena trabalhar duro, sem satisfação pessoal, para ganhar um salário baixo ou se seria melhor cuidar dos filhos em casa e se realizar plenamente como mãe”, afirma a feminista.

Na França e em outros países europeus isso é possível porque existem auxílios financeiros concedidos às famílias de baixa renda que praticamente podem compensar o fato de um membro do casal não trabalhar.

Segundo uma pesquisa do Instituto Nacional de Estudos Demográficos da França, o número de francesas que cessaram ou diminuíram sua atividade profissional após o nascimento do primeiro filho passou de 10% para 25% entre 2005 e 2008.

O número aumenta para 32% no caso do nascimento de outros filhos depois. Além disso, o estudo revela que as francesas realizam quase 80% das tarefas domésticas e que esse desequilíbrio no casal é ainda maior quando eles têm filhos.

“Sem as crises econômicas, esse discurso naturalista, de uma vida com menos ambições inúteis, mais voltada para a natureza e com menos consumismo, não teria ganhado força”, diz.

Amamentação

Para Badinter, esse modelo de maternidade, com teorias “ecológicas moralizadoras, que fazem a natureza passar na frente das mulheres, torna impossível a igualdade entre os sexos”.

A escritora diz que a necessidade da amamentação se tornou o centro dos deveres maternos e também demonstra o fortalecimento do discurso naturalista que começou nos Estados Unidos, com a Liga do Leite, e no norte da Europa.

Badinter afirma no livro que o “direito de amamentar” está se tornando uma obrigação, reforçada pela Organização Mundial da Saúde, para todas as mulheres, o que também provocou críticas na França de pessoas que apontam os benefícios do leito materno.

“Não critico a amamentação. Só não quero que seja um modelo imposto. Nos hospitais, há pressão para que as mulheres façam isso. Mas a mamadeira também é boa para a criança. Não somos todas iguais, como chimpanzés. Há mulheres que não gostam de amamentar”, afirma.

A França registra a segunda maior taxa de natalidade da União Europeia, após a Irlanda, segundo a Eurostat (agência europeia de estatísticas).

Badinter também já havia criado grande polêmica na França com outro livro, lançado há 30 anos, no qual afirma, baseada em fatos históricos, que o instinto materno não existe.

Impunidade de crimes da ditadura é 'mancha moral do Brasil', diz ONG

O arquivamento da ação que questionava a abrangência da Lei da Anistia, no fim de abril, “é uma mancha na moral do Brasil”, na avaliação de um porta-voz da Anistia Internacional entrevistado pela BBC Brasil nesta terça-feira.

Após o lançamento do relatório anual da organização não-governamental em Londres, o porta-voz Tim Cahill disse que o assunto “é fundamental” e só não foi detalhado no relatório anual porque ele foi fechado em dezembro de 2009 (o informe cobre o período de janeiro a dezembro).

“A impunidade não é coisa do passado. É preciso acabar com essa separação de que a vítima da classe média sendo torturado porque lutava por ideais políticos é diferente do jovem negro sendo torturado em uma instituição sócio-educacional. É preciso quebrar esse mito”, disse Cahill.

Para o representante da Anistia Internacional, o arquivamento da reinterpretação da lei transmite a mensagem de que a violência oficial “é aceitável em certos casos”.

“A mensagem que está sendo claramente enviada a policiais e delegacias é que quando o Estado tortura e mata não existe punição.”

Violência policial

A violência policial, por sinal, é uma das críticas mais veementes no capítulo dedicado ao Brasil no novo relatório da ONG.

“A questão da segurança pública é o principal problema e a Lei da Anistia reflete uma realidade de que certos atos são aceitáveis”, disse Cahill.

O documento da ONG afirma que em todo o país “houve relatos persistentes de uso excessivo da força, de execuções extrajudiciais e de torturas cometidas por policiais”.

“Moradores de favelas ou de comunidades pobres, frequentemente sob o controle de grupos criminosos armados, foram submetidos a incursões policiais no estilo militar”, afirma o relatório.

Os observadores da Anistia destacam que muitos policiais “na linha de frente” também foram mortos “no cumprimento do dever”.

O estudo da ONG cita os casos específicos de projetos como as Unidades de Polícia Pacificadora, no Rio de Janeiro; o Pacto pela Vida, de Pernambuco; e as operações Saturação, em São Paulo.

‘Autos de resistência’

O relatório destaca que estes projetos foram “bem recebidos por alguns setores da sociedade” e que ofereceram “alternativa aos métodos de policiamento repressivos e abusivos de antes”, mas afirma que “moradores de algumas áreas reclamaram de discriminação”.

Mas as críticas da organização se concentram nas ações cometidas fora destes projetos. O relatório criticou a descrição oficial de centenas de mortes cometidas por policiais como “autos de resistência”, o que, segundo Tim Cahill, garante “impunidade automática” aos autores das mortes.

“Em contrariedade às recomendações do relator especial da ONU sobre execuções sumárias, arbitrárias ou extrajudiciais, e em contrariedade ao III Plano Nacional de Direitos Humanos.”

“Centenas de homicídios não foram devidamente investigados e houve poucas ações judiciais, se é que houve alguma.”

Outro caso específico citado no relatório foi o de incursões nas favelas de Acari e da Maré, no Rio de Janeiro, em que, moradores “relataram que as operações policiais violentas coincidiam regularmente com a saída das crianças da escola”.

As milícias também mereceram destaque no relatório, já que teriam se aproveitado “de seu poder sobre as comunidades para obter vantagens econômicas e políticas ilícitas”, além de “ameaçar a vida de moradores” e instituições do Estado.

“Juízes, promotores, policiais e um deputado estadual receberam repetidas ameaças de morte das milícias.”

Política internacional

Os observadores da Anistia ressaltaram a política de “construção de uma aliança ‘Sul'” do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, embora critiquem que esse esforço tenha se dado “à custa do apoio a uma plataforma mais abrangente de direitos humanos”.

De acordo com Tim Cahill, a política internacional de Lula preferiu não adotar uma posição contrária a países como Zimbábue, Irã e outros no Oriente Médio em organismos internacionais como o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

“Com isso, o Brasil fragilizou o sistema de direitos humanos internacional. O país tem muito mais para contribuir internacionalmente e ao mesmo tempo assegurar o respeito aos direitos humanos no próprio país”, disse Cahill.

Para a Anistia Internacional – que afirma ter enviado uma carta aos pré-candidatos à Presidência exigindo um posicionamento sobre a questão de direitos humanos – o saldo dos oito anos de governo Lula, no entanto, foi positivo.

“Houve avanços importantes como o reconhecimento de vários temas, a implantação de mecanismos de defesa dos direitos humanos, reformas na legislação e investimentos sociais, como o Bolsa Família, que melhoraram reduziram a desigualdade no país”, afirmou.

O porta-voz da Anistia Internacional ressaltou entretanto que ao esbarrar em “interesses econômicos”, o governo recua.

“Megaprojetos econômicos são feitos à custa de direitos humanos de povos indígenas, populações ribeirinhas”, disse Cahill, citando os exemplos do projeto hidrelétrico de Belo Monte e de planos de const
rução no Rio de Janeiro e no Amazonas.

Direitos indígenas

O relatório da Anistia voltou a detalhar a situação dos indígenas brasileiros, destacada no relatório do ano passado, após os episódios de violência na reserva Raposa Serra do Sol.

Dessa vez, a decisão de março de 2009 do Supremo Tribunal Federal rejeitando a legalidade da reserva foi elogiada pela Anistia.

No entanto, o relatório denuncia problemas graves no Mato Grosso do Sul.

“O Estado continuou a ser foco de abusos graves contra os direitos humanos dos povos indígenas do Brasil. O governo estadual e o poderoso lobby dos produtores rurais fizeram uso dos tribunais para impedir a identificação de terras indígenas.”

No entanto, a Anistia reconheceu avanços no reconhecimento de terras indígenas através da homologação de nove áreas em Roraima, Pará, Amazonas e Mato Grosso do Sul.

O relatório se baseou em observações realizadas durante os meses de janeiro a dezembro de 2009, com visitas de representantes da Anistia Internacional em maio e dezembro.

Sistema carcerário

No trecho dedicado ao sistema carcerário brasileiro, a Anistia volta a criticar o Brasil.

“Os detentos continuaram sendo mantidos em condições crueis, desumanas ou degradantes. A tortura era utilizada regularmente como método de controle, de humilhação e de extorsão”, diz o documento.

Além disso, o relatório cita ainda a superlotação carcerária como “problema grave” e um aumento da violência nas prisões por causa do “controle dos centros de detenção por gangues”.

Segundo a ONG, os relatos mais graves saíram do Espírito Santo.

“Houve denúncias de tortura, assim como de superlotação extrema e de utilização de navios (chamados ‘microondas’) como celas”, afirma o documento.

Estudo: mortalidade infantil no Brasil caiu 61% em 20 anos

A taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu 61,7% entre 1990 e 2010 – de 52,04 mortes por mil nascimentos em 1990 para 19,88/mil em 2010 -, de acordo com um estudo publicado na última edição da revista médica The Lancet.

O Brasil subiu nove posições no ranking internacional de mortalidade infantil nas últimas duas décadas e estaria a caminho de cumprir uma das metas do Milênio da ONU: diminuir a mortalidade infantil em dois terços até 2015.

A mortalidade infantil caiu no Brasil a uma taxa anual de 4,8% de 1970 a 2010. A ONU estima que seria necessário um índice de redução anual médio de 4,4% entre 1990 e 2015 para o cumprimento da meta, mas a média anual de redução registrada na análise de 187 países foi de 2,1%.

Apesar do esforço, o Brasil está em 90º lugar no ranking, com número bem mais alto de mortes na faixa etária de 0 a 5 anos do que o encontrado nos países desenvolvidos. A mortalidade infantil no Brasil – que caiu de 120,7 a cada mil nascimentos vivos, em 1970, para 19,88 em 2010 – ainda é muito superior a dos países com o menor índice de mortalidade: Islândia (2,6) Suécia (2,7) e Chipre (2,8). Na Itália, o número é de 3,3, na Noruega de 3,4 e na França de 3,8.

O Brasil também perde em comparação com outros países em desenvolvimento, como o Chile (6,48), Cuba (5,25), China (15,4), México (16,5), Colômbia (15,3) e Argentina (12,8). Os países com maior índice de mortalidade do mundo são a Nigéria (168,7), Guiné-Bissau (158,6), Niger (161), Máli (161) e Chade (114,4).
A análise de dados realizada pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington – que avalia estatísticas sobre saúde – afirma que a taxa de mortalidade entre as crianças com menos de cinco anos de idade em todo o mundo é mais baixa do que a estimada pelo Unicef em 2008.

Estudos anteriores destacaram que menos de um quarto dos países estava no caminho de cumprir a meta da ONU, mas este novo estudo afirma que o número de mortes na faixa etária diminuiu em 4,2 milhões de 1990 até 2010, caindo de 11,9 milhões para 7,7 milhões (estimativa).

Na lista, 56 dos 187 países aparecem com uma taxa de redução anual média igual, ou superior a 4,4% (o número estimado pela ONU como necessário para o cumprimento da meta). Globalmente, as taxas de mortalidade infantil declinaram em cerca de 60% no período de 1970 a 2010.

Um estudo anterior do Unicef estimava o número de mortes na faixa etária em 8,77 milhões em 2008, mas o estudo do IHME estima que o número no mesmo período foi, na verdade, de 7,95 milhões.

A nova análise afirma que a estimativa mais baixa se deve a novas pesquisas que mostram que o declínio na mortalidade infantil foi mais rápido do que o projetado, além da inclusão de outros métodos de medição. Os autores afirmam que isso mostra a importância de se atualizar constantemente os métodos de medição para auxiliar os países na tarefa de determinar seu progresso no cumprimento da meta.
O estudo ainda mostra que o maior progresso foi visto entre os países pobres – nas Ilhas Maldivas a taxa de redução anual média foi de 9,2%, a mais alta entre os 187 países analisados entre os anos de 1970 e 2010. A taxa de mortalidade infantil no país caiu de 247,06 mortes a cada mil nascimentos vivos para 14 crianças em 2010. Um terço das mortes infantis ocorrem no sul da Ásia e metade na África sub-saariana.

Segundo o estudo, o progresso é promissor. Em 1970, havia 40 países com taxa de mortalidade mais alta do que 200 mortes a cada mil nascimentos vivos. Em 1990 este número havia caído para 12 países e em 2010 não há nenhum país com índices tão altos. O ritmo de declínio também aumentou em 13 regiões do mundo no período de 2000 a 2010, em comparação com 1990 a 2000, inclusive todas as regiões da África sub-saariana.

A Grã-Bretanha aparece como o país com maior taxa de mortalidade infantil na Europa Ocidental, com 5,3 mortes por mil nascimentos vivos. No ranking global da taxa de mortalidade, a Grã-Bretanha caiu de 12ª posição, em 1970, para 33ª em 2010. Apesar disso, o país diminuiu sua taxa de mortalidade infantil em três quartos desde 1970.

Os Estados Unidos estão em 42º lugar no ranking, com a estimativa de 6,7 mortes por cada mil nascimentos vivos em 2010. O índice de declínio da taxa de mortalidade infantil nos Estados Unidos e Canadá variou entre 2% e 3% ao ano, enquanto que nos outros países o declínio anual deu-se a uma taxa de 3% a 5%.

Dos 38 países com taxa de mortalidade infantil acima de 80 a cada mil nascimentos vivos em 2010, 34 estão na África sub-saariana.

Raúl Castro tem raro encontro com líderes católicos em Cuba

Raúl Castro (esq.), monsenhor Dionísio Garcia (centro) e cardeal  Jaime Ortega (direita) em Havana

O presidente de Cuba, Raúl Castro, teve um raro encontro com líderes da Igreja Católica nesta quarta-feira, em Havana.

Castro se reuniu com o cardeal cubano Jaime Ortega, líder da Igreja Católica no país, e também com o arcebispo de Santiago, Dionísio Garcia.

De acordo com informações de membros da igreja, a reunião de quarta-feira tocou em várias questões polêmicas como a dos dissidentes políticos presos em Cuba. No entanto, não há mais detalhes.

A reunião entre Castro e as autoridades da Igreja Católica ocorreu antes da visita do secretário do Exterior do Vaticano, arcebispo Dominique Memberti, que deve ocorrer em junho.

Os dissidentes esperam que a visita de Memberti possa levar à libertação de alguns prisioneiros políticos, segundo o correspondente da BBC em Havana Michael Voss.

O governo de Cuba afirma que os dissidentes políticos são mercenários, pagos pelo governo dos Estados Unidos.

No entanto, o jornal oficial cubano Granma informou que as discussões durante a reunião giraram em torno de questões domésticas e internacionais e o “desenvolvimento favorável” das relações entre Igreja e Estado.

Quando questionado se as discussões de quarta-feira poderiam levar a um acordo para a libertação de dissidentes, o arcebispo Dionísio Garcia, líder da conferência dos bispos de Cuba, foi cauteloso.

“Vai haver um processo e este processo tem que começar com pequenos passos, e estes pequenos passos serão tomados”, disse Garcia à agência de notícias AFP. “Esperamos que esta conversa vá nesta direção.”

No começo de maio, o cardeal Ortega foi o mediador bem-sucedido nas negociações entre as autoridades cubanas e o grupo das familiares de presos políticos, conhecido como “Damas de Branco”.

A negociação resultou no grupo obtendo permissão para retomar suas manifestações, sempre aos domingos, sem serem importunadas por partidários do governo.

Logo depois da revolução, Cuba se transformou oficialmente em um Estado ateu. Mas as relações com a Igreja Católica estão melhorando desde a histórica visita do papa João Paulo 2º à Cuba, em 1998.

Atualmente, de acordo com Michael Voss, é possível praticar uma religião e ser membro do Partido Comunista, mas a educação religiosa ainda não é permitida nas escolas.

Machismo "de esquerda"

Ao explicar as dificuldades para administrar os palanques duplos que a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, terá nos Estados, o presidente nacional do partido, José Eduardo Dutra, afirmou que “ciúme de político é pior que ciúme de mulher”. O petista avaliava a resistência do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), em aceitar que Dilma participe de eventos de campanha de seu principal adversário, o ex-governador Anthony Garotinho (PR), que vem cobrando, reiteradamente,manifestações de apoio da pré-candidata.
Questões eleitorais à parte, a frase do presidente do PT é importante na medida em que demonstra que, apesar de opções políticas ditas libertárias, continua a existir na esquerda brasileira um ranço machista. Poderíamos perguntar: as mulheres são mais ciumentas que os homens? Há alguma prova “científica” disso? E se houvesse uma prova dita “científica”, está mais de que provada que a ciência muitas vezes agiu e continua agindo a partir de preconceitos… Muitos cientistas comprovaram cientificamente a superioridade dos brancos sobre os negros e asiáticos… para não falar da raça ariana sobre as outras raças!
Será que a Dilma vai ficar quieta diante desse machismo explícito? Espero que não…

Em missa, dom Cláudio Hummes reconhece avanço no combate à pobreza nos últimos anos

Em missa, dom Cláudio Hummes reconhece avanço no combate à pobreza  nos últimos anos

O cardeal Dom Claúdio Hummes disse hoje em seu sermão durante a missa do excluídos, que faz parte da programação do XVI Congresso Eucarístico Nacional, em Brasília, que o governo tem feito avanços no combate à pobreza nos últimos anos e que isso não pode regredir. A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, foi à missa e ressaltou a importância do sermão de Dom Cláudio.

“Essa missa é muito importante, porque ela tem significado muito grande e tem partes belíssimas. Eu estava vendo essa parte que diz que o povo sofrido quer ter vez, voz e lugar. Então, eu acho que é um momento grande desse Congresso da Eucaristia a missa dos excluídos. Para mim é muito importante ter vindo”, salientou.
Durante sermão, Dom Cláudio lembrou a necessidade de as pessoas ajudarem os excluídos. Mas frisou que não é bom que as pessoas “se acostumem com a situação” e cobrem melhorias. “Temos que reconhecer que nos últimos governos se avançou bastante para combater a pobreza. Temos que cuidar para que isso não volte atrás”, pregou.
Durante a missa, Dilma foi abraçada por muitos fiéis que queriam tirar fotos e dar presentes à petista. Ela ganhou um terço de uma das fiéis e vários bilhetes. Ao sair da Igreja, Dilma foi questionada sobre sua posição em relação ao aborto e repetiu que essa era uma questão de saúde pública. Segundo ela, nos casos previstos em lei é preciso que o Estado dê condições para que a prática seja realizada com segurança.
“Nenhuma mulher é a favor do aborto. Acho, inclusive, isso uma distorção a respeito de nós, porque o aborto é uma violência”, argumentou. “Agora, essa é uma questão de foro íntimo o fato de eu achar que é uma imensa violência. Agora, enquanto atividade pública, temos que tratar o aborto como aquilo que ele é, problema de saúde pública.”

Itália pode ter primeira mulher sacerdote

Uma professora casada pode se tornar a primeira mulher a ser ordenada sacerdote em uma igreja anglicana localizada próxima do Vaticano.
Maria Longhitano, que pertence à Igreja Vétero-Católica – um movimento católico independente não reconhecido pelo Vaticano, disse esperar que sua ordenação como sacerdotisa ajude a diminuir o preconceito em relação às mulheres na Igreja.
De acordo com o correspondente da BBC Robert Pigott, a medida deve reacender o debate sobre o papel das mulheres na Igreja Católica.
O papa Bento 16 se opõe totalmente à nomeação de mulheres sacerdotisas e seu predecessor, João Paulo 2º, inclusive proibiu que o tema seja discutido publicamente.
Em 2002, quando sete mulheres católicas romanas foram ordenadas extra-oficialmente como sacerdotisas, elas foram imediatamente excomungadas pela Igreja.
Segundo Pigott, apesar de Longhitano não se tornar uma sacerdotisa católica romana, sua ordenação na igreja anglicana é motivo de desconforto para o Vaticano.
Longhitano, que disse que sempre quis ser sacerdotisa e se lembra de brincar com hóstias quando pequena, acusou o Vaticano de impedir que as mulheres possam cumprir sua vocação.
A italiana tem esperanças de que sua ordenação como sacerdotisa incite o debate entre os católicos sobre a modernização d igreja.
Alguns católicos acreditam que a reforma é necessária para reverter a diminuição do número de fiéis e recuperar a influência da Igreja. Além disso, um bispo austríaco disse esta semana que a Igreja deve considerar a eventual ordenação de mulheres.
A Igreja Anglicana foi escolhida para a cerimônia de ordenação pela afinidade de princípios com a Igreja Vétero-Católica.
Os vétero-católicos romperam com o Vaticano no século 19 por serem contrários ao dogma da Imaculada Concepção e da Infalibilidade Papal. Eles consideram questões como as relações homossexuais e a contracepção algo pessoal e permitem a nomeação de mulheres como sacerdotisas desde 1996.

Dados mundiais preocupam; Brasil combina ações intersetoriais

Recuo de trabalho infantil de 2003 a 2008 foi de cerca de 3%. No relatório anterior (de 2000 a 2004) da OIT, houve registro de diminuição de 10%. No Brasil, mobilização da sociedade civil e órgãos públicos tem dado resultados

Por Bianca Pyl

“Acelerar a luta contra o trabalho infantil”. A escolha do título do novo relatório global da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Trabalho Infantil nada tem de aleatória: o estudo constatou que, entre 2003 e 2008, houve desaceleração no ritmo de redução do problema em nível mundial.

Lançado no dia 8 de maio, o documento releva que, durante o período, o número de crianças trabalhando no mundo recuou de 222 milhões, em 2003, para 215 milhões, em 2008. Ou seja, a diminuição foi de cerca de 3%. No relatório anterior (divulgado em 2006, com base no intervalo de 2000 a 2004) da OIT, houve registro de diminuição de 10%.

Do total de crianças submetidas à rotina de trabalho, pelo menos 115 milhõessão vítima do que o órgão ligado às Nações Unidas classifica como “piores formas de exploração do trabalho infantil”. O relatório também alerta para o risco de que a crise econômica mundial freie os avanços em direção ao objetivo de eliminar as piores formas de trabalho infantil em 2016.

Mais 10 milhões de adolescentes (de 52 para 62 milhões), com idades entre 15 e 17 anos, passaram a trabalhar. A agricultura continua sendo a principal atividade que explora mão de obra infantil – 60% das crianças e adolescentes prestam serviços na agricultura e a maior parte trabalha para sua família sem remuneração. Somente uma de cada cinco crianças recebe salário.

O maior avanço no combate ao trabalho infantil foi registrado entre meninos e meninas de 5 a 14 anos, com diminuição de 10%. Na mesma faixa de idade, o número de meninos e meninas em trabalhos perigosos diminuiu em 31%. Entre as meninas, o trabalho infantil diminuiu 15% (cerca de 15 milhões). No entanto, aumentou entre os meninos em 7% (8 milhões).

Os números relativos ao Brasil são menos preocupantes. A porcentagem de trabalho infantil entre crianças de 5 a 15 anos caiu de 13,6% para 5,8% entre 1992 e 2008. No mesmo período, o mesmo índice para crianças do grupo de 5 a 9 anos diminuiu de 3,6% para 0,9%. Segundo a OIT, as quedas no Brasil podem ser explicadas pela mobilização da sociedade, ajudada pelos meios de comunicação, além de programas de transferência de renda ligados à permanência das crianças na escola.

Veja matéria completa em http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=6670

Mães brasileiras têm menos filhos

O perfil das famílias brasileiras mudou. Se antes a fotografia da família reunida mostrava um casal rodeado por filhos, agora não mais que dois cercam os pais. Uma das consequências da diminuição no tamanho das famílias é redução da pobreza.

Esta “sinergia” entre fecundidade e pobreza foi analisada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o estudo, a taxa de fecundidade no Brasil vem caindo desde 1960, quando a mulher tinha, em média, 6,3 filhos.

Mudanças sociais, como a inserção no mercado de trabalho e o aumento do nível de escolaridade das mulheres, provocaram uma queda da taxa de fecundidade para 2,6 filhos em 1996. Hoje, a mulher tem, em média, 1,9 filho.

Paralelamente às mudanças dos arranjos familiares, os dados do IBGE revelam queda também no percentual de pobres no Brasil, que, à exceção de pequenas oscilações, se manteve em torno de 40% até 1993. Entre 1995 e 2003, os níveis de pobreza estavam em 35%. Nos últimos sete anos, contudo, houve uma queda consistente que alcançou 22,7% em 2007.

Além do impacto nas mortalidades materna e neonatal, o IBGE avalia que a redução da taxa de fecundidade permite que as mães obtenham uma inserção mais produtiva no mercado de trabalho e menor carga de trabalho doméstico.

“Antigamente, os arranjos familiares consistiam no homem, sustentando a família, e uma mulher trabalhando muito, mas sem gerar renda e cuidando de muitos filhos”, explica o pesquisador do IBGE José Eustáquio Diniz. “Quando você tem uma família pequena, a mulher tem mais tempo para estudar e para se inserir no mercado de trabalho. Então você passa a ter uma família com um casal contribuindo, e não apenas o homem, e menos filhos. Isso é um fator que ajuda muito na redução da pobreza.”

O IBGE constatou que a diminuição do número de filhos por família atingiu não apenas as áreas urbanas, mas também as rurais. Em 1996, a fecundidade urbana era de 2,3 filhos e a rural de 3,5. Dez anos depois, caiu para 1,8 filho e 2 filhos, respectivamente.

Entre as mulheres com 1 a 3 anos de estudo, a taxa caiu de 3,6 filhos para 2,8 filhos entre 1996 e 2006. Já entre as mulheres com 9 a 11 anos de estudo, a fecundidade passou de 1,7 filho para 1,6 no mesmo período.

Aliado à mudança no perfil das famílias, o crescimento econômico com distribuição de renda, apoiada na política de valorização do salário mínimo e no programa Bolsa Família, acelerou a queda dos níveis de pobreza no Brasil. “Quando você junta crescimento econômico, distribuição de renda e condições demográficas favoráveis, isso tem um impacto enorme na redução da pobreza. O Brasil nunca teve uma queda tão grande da pobreza como nos últimos seis, sete anos”, diz o pesquisador do IBGE.

Diniz faz, no entanto, um alerta. As projeções do IBGE indicam que, a partir de 2025, foi deflagrado um processo mais rápido de envelhecimento da população, o que significa aumento do número de idosos e, consequentemente, impacto na Previdência Social.

“Temos de aproveitar os próximos 10, 15 anos para erradicar a pobreza, porque depois que o país envelhecer as condições vão ficar mais difíceis. As condições demográficas já não serão favoráveis. Estamos no momento certo para promover maior qualidade de vida para a população brasileira”, argumenta.

Trabalho da Igreja Católica é importante para os jovens e as comunidades carentes, afirma Dilma

05.05.2010

A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, participou hoje da inauguração da nova sede do Centro de Multimídia do Sistema Canção Nova de Comunicação, em Brasília. A estrutura abriga a rádio, a TV e o canal web do grupo.

Em entrevista à TV Canção Nova, pouco antes do início da cerimônia, Dilma disse que considera o trabalho da Igreja Católica muito importante para dar esperança aos jovens e na ajuda das comunidades carentes.

“Para muita gente a Igreja dá um sentido na vida, principalmente para os jovens. Nós precisamos muito de pão, mas também temos que alimentar o espírito”, disse a petista.