Arquivo mensal: novembro 2012

Entenda o que significa o novo status palestino na ONU

Bandeira palestina em marcha de apoio ao reconhecimento na ONU, nesta quinta, em Ramallah (Getty)

Por 138 votos a nove, a Assembleia Geral da ONU aprovou nesta quinta-feira uma ascensão do status dos palestinos nas Nações Unidas, de “entidade observadora” a “Estado observador não-membro”.
O Brasil está entre os países que votaram a favor da medida, que precisava apenas de maioria simples para ser aprovada. A maior oposição veio de EUA e Israel, que estão entre os nove membros que votaram contra. Os países que se abstiveram somam 41.

O pleito se segue a uma fracassada tentativa dos palestinos de integrar a ONU como membros permanentes, em 2011, quando não obtiveram apoio do Conselho de Segurança da ONU. O presidente palestino Mahmoud Abbas disse mais cedo que essa seria a “última chance” de uma solução para o conflito com Israel. Ele havia solicitado que a comunidade internacional desse uma “certidão de nascimento” para a Palestina.

Que impactos essa mudança – cujo caráter é majoritariamente simbólico – deve ter nas relações entre israelenses e palestinos e no pleito destes por um Estado próprio?
Entenda no guia abaixo:

O que a mudança de status significa?

A decisão desta quinta dá aos palestinos o status de “Estado observador não-membro”, semelhante ao do Vaticano perante a ONU.
O novo status é principalmente simbólico, mas a liderança palestina argumenta que ele ajudará a delimitar o território que quer para seu Estado próprio – gradativamente tomado pelo avanço dos assentamentos israelenses. Também pode ajudar que essa delimitação de território ganhe reconhecimento formal.
O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, havia dito que a aprovação é “um passo muito importante para salvar a solução de dois Estados”.
A mudança também significa que palestinos poderão participar dos debates da Assembleia Geral da ONU, aumentando suas chances de de integrar agências e entidades ligadas à ONU.
Talvez o maior temor de Israel seja o de que palestinos usem seu novo status para entrar no Tribunal Penal Internacional e tentar acionar Israel judicialmente por supostos crimes de guerra cometidos em territórios ocupados, como na Cisjordânia.
Israel classifica a iniciativa palestina de uma violação dos Acordos de Oslo (1993), que traçam caminhos para a negociação bilateral (atualmente interrompida) de paz.

Quem ganha politicamente?

Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em foto de arquivo (AFP)

A aprovação do novo status na ONU é uma vitória diplomática de Mahmoud Abbas, o líder da Autoridade Palestina e principal força política na Cisjordânia.
A vitória lhe dá cacife num momento em que o líder estava escanteado diante do fortalecimento político e militar do rival Hamas (grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza) entre os palestinos, enquanto Abbas tinha pouco a comemorar com suas políticas mais moderadas.
No entanto, mesmo com a vitória desta quinta, Abbas precisará de muito mais para obter o Estado palestino. Quando acabarem as comemorações do novo status, o líder terá que rever sua estratégia política para colocar em prática o anseio por um Estado palestino.

O que querem os palestinos?

Os palestinos tentam há tempos estabelecer um Estado soberano na Cisjordânia, que inclua Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, seguindo o traçado de antes da Guerra dos Seis Dias (em 1967, quando Israel ocupou territórios reivindicados pelos palestinos).
Os Acordos de Oslo, entre a OLP (Organização pela Libertação da Palestina) e Israel, levaram ao reconhecimento mútuo. No entanto, duas décadas de conflitos intermitentes desde então e a ausência de consenso em temas-chave impediram um acordo permanente. A última rodada de negociações terminou em 2010.
Com o impasse nas negociações, a liderança palestina passou a buscar o reconhecimento individual dos países de um Estado palestino. Essa é a principal razão por trás do atual pleito na ONU.
Em setembro de 2011, Abbas tentou obter o status de membro pleno da ONU, mas a tentativa não passou pelo crivo do Conselho de Segurança do órgão. Abbas tentou, então, um status menor, o de não-membro observador.

Quais são as divergências?

O reconhecimento diplomático palestino dá força simbólica ao pleito por um Estado que siga o traçado pré-1967 e às negociações de paz com Israel.
No entanto, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, rejeita essa noção territorial como base para as negociações, descrevendo-as como “não realistas”, já que grande parte dos territórios hoje reivindicados concentram grande população de judeus em assentamentos (considerados ilegais sob a lei internacional).
Outros temas-chave sobre os quais não há acordo entre israelenses e palestinos são o status de Jerusalém Oriental e o retorno de refugiados palestinos.
Para Israel, o novo status palestino na ONU é uma medida “unilateral” que viola os termos dos Acordos de Oslo.

Quem deve apoiar ou rejeitar o novo status palestino?

Assentamento israelense na Cisjordânia

Áreas de assentamentos judaicos na Cisjordânia são reivindicadas pelos palestinos
A reivindicação por um novo status na ONU não engajou os palestinos da mesma forma que em 2011. O novo status tem o apoio do Fatah, movimento secular que, com a Autoridade Palestina, administra a Cisjordânia.
A proposta foi inicialmente criticada por líderes do Hamas. No entanto, após os oito dias da recente ofensiva israelense em Gaza, o líder político do Hamas, Khaled Meshaal, elogiou a iniciativa do rival Fatah.
Em âmbito mais amplo, os 22 países da Liga Árabe também apoiaram a Autoridade Palestina.
A maior oposição vem de Israel, que tentou dissuadir Abbas ameaçando-o com a suspensão da coleta de impostos na Cisjordânia. Um documento vazado da Chancelaria de Israel sugere que se discutiu inclusive a derrubada de Abbas – mas a medida é considerada improvável por analistas, a não ser que o líder palestino use o novo status para tomar passos mais drásticos, como pressionar Israel no Tribunal Penal Internacional.
Nos últimos dias, autoridades israelenses indicaram que colocariam em vigor sanções contra os palestinos.
Os EUA, principais aliados de Israel mas também doador à Autoridade Palestina, também pode impor alguma sanção financeira.
Na Europa, outras nações que também financiam a AP também temem os desdobramentos da estratégia palestina. Só 9 dos 27 países-membros da União Europeia reconhecem a Palestina bilateralmente.

Excesso de senhas provoca irritação e ‘fadiga’ em usuários

De quantas senhas você precisa se lembrar por dia?

Talvez você comece com as senhas para destravar o celular e para ligar o computador da empresa. Na internet, usará senhas para acessar e-mail, Facebook, Twitter, sites de comércio online e assinaturas de sites de notícias. No meio do dia, é hora de lembrar o código do vale-refeição ou do cartão de crédito. Vai sacar dinheiro? Usará a senha alfabética exigida por alguns caixas eletrônicos.
Essa profusão de códigos que somos obrigados a memorizar abre debates sobre segurança online e já ganhou até nome: “password fatigue” ou “password overload” (fadiga ou sobrecarga de senhas, em tradução livre). Uma pesquisa de agosto da empresa de tecnologia Janrain, feita com 2,2 mil americanos, apontou que 58% dos entrevistados têm cinco ou mais senhas para lembrar, e 30% têm dez senhas.
Mais de um terço deles declarou que preferiria cumprir uma tarefa doméstica – lavar roupa ou limpar o banheiro – a criar um novo cadastro de login e senha.

A atriz brasileira Marianna Armellini se inclui entre as que preferem lavar roupa a inventar uma nova senha. “Anoto as senhas e depois não lembro onde anotei. Entro em pânico se não vejo aquele campo de ‘esqueceu a senha'”, diz à BBC Brasil.
Algumas das coisas que mais a irritam: memorizar as senhas de sites pouco acessados, como os de milhagem, e aquela autenticação feita por perguntas e respostas. “Como vou lembrar o nome da minha professora preferida do primário?”, brinca.

Leitor de cartão de crédito (Foto: Getty)

Pesquisa nos EUA aponta que 58% dos entrevistados têm cinco ou mais senhas para memorizar

As senhas acabaram virando tema de um programa humorístico do grupo cênico As Olívias, do qual Marianna faz parte. No vídeo, disponível no YouTube, a personagem dela fica em apuros ao esquecer a senha do cartão durante uma compra – seria a combinação da data da primeira menstruação e do número do sutiã, ou a data do término do casamento?
“Tenho um amigo que, depois que esqueceu a senha para destravar seu iPhone, precisou trocar de telefone! É uma dor de cabeça, porque toda a sua vida está (no aparelho)”, conta Marianna.
A professora de inglês Ana Bailune, de 47 anos, de Petrópolis (RJ), diz que as senhas a confundem “a ponto de eu ter que telefonar ao meu marido durante as compras para que ele me ajude a lembrar a senha dos cartões de crédito”.
Ela usa com frequência quase dez senhas, entre celular, e-mail, cartões, sites de compras, conta no banco e blogs.
“Uma vez, tentei associar os números a eventos reais, como datas de aniversário, números de casas onde moramos, etc. Não deu certo. Pensava: ‘de quem era mesmo o aniversário? Ah, da minha mãe! mas quando é o aniversário dela?'”
Para alguns especialistas, essa sobrecarga se dá porque a internet originalmente não foi pensada para conter tantos dos nossos dados pessoais. Como hoje uma grande parte da nossa vida está sob esses códigos, quão seguros eles são – ou deveriam ser?
Joseph Bonneau, que estudou senhas e segurança cibernética na Universidade de Cambridge, diz que muitas das senhas escolhidas pelas pessoas são extremamente fracas, como ABCDE. Ainda assim, ele não acha que o tema deva ser encarado com paranoia.
“Minha sugestão é ter senhas bem seguras para coisas importantes, como o cartão de banco e e-mail.” Nesses casos, diz, vale evitar números associados à sua vida e apostar em em combinações aleatórias de letras e números que, como serão usadas com frequência, acabarão sendo memorizadas.
Para cadastros menos importantes, senhas simples bastam, diz ele.
Outra sugestão de Bonneau é usar “password managers” (gerenciadores de senha), programas que, sob uma única senha mestra, geram códigos para as demais senhas que você precisar. Basta, então, memorizar a senha mestra.
A ideia não é unânime entre os analistas, até porque, caso você esqueça a senha mestra, terá uma grande dor de cabeça.

Alguns sites exigem senhas que desafiam o poder de memória dos usuários

Mas atenção: Bonneau lembra que de nada adiantam essas precauções se o seu computador estiver infectado com programas malignos como “keyloggers”, que “leem” tudo o que for digitado ou clicado. Aí, por melhor que seja a sua senha, ela será lida pelo hacker.
Para se prevenir, evite digitar senhas importantes em computadores de lan-houses e, no computador pessoal, tome cuidado ao instalar programas e mantenha antivírus e atualizações em dia.
Um empecilho extra é que, mesmo que usuários queiram criar senhas simples, muitas vezes são forçados pelos sites de cadastro a montar combinações difíceis de letras maiúsculas e minúsculas, números e caracteres especiais. A professora Cristina Asperti, 58 anos, de São Paulo, já desistiu de fazer compras em muitos sites por não se lembrar das senhas. “Os sites estão mais confusos do que eles imaginam e mais difíceis do que deveriam”, opina.
Em casos assim, será muito perigoso anotar as senhas, para não ter que memorizá-las?

Com tantos códigos, muitos acabam recorrendo à opção de ‘esqueci minha senha’

“O que você tem que se perguntar é: de quem quer se proteger?”, afirma o brasileiro Dinei Florencio, pesquisador na Microsoft Research. “Se o risco maior for o de encontrarem a anotação em sua casa, então não anote. Mas se o agressor em potencial for remoto, não há problema em anotar.”
Ele diz que muitos previram a extinção do sistema de senhas online, mas este sobrevive porque traz vantagens: “É conveniente, amigável ao usuário e as pessoas já conhecem seu mecanismo”.
Joseph Bonneau acredita que, na próxima década, talvez precisemos memorizar menos senhas, já que alguns sites começam a fazer logins integrados (ou seja, com um mesmo cadastro você acessa mais de um site).
Quanto a sistemas alternativos de verificação – biométricos, por exemplo –, Florencio acha que eles demorarão a ser aplicados em grande escala. Um dos motivos é que demandariam que usuários instalassem softwares, câmeras, leitores…
“Até que outros sistemas sejam igualmente amigáveis, será difícil substituir as senhas”, opina ele. “E acho que seus inconvenientes ainda são pequenos em comparação aos benefícios e ao controle que elas proporcionam aos usuários.”

Brasil não está preparado para os impactos das mudanças climáticas

As imagens dos deslizamentos de terra causados por fortes chuvas e que deixaram centenas de mortos na região serrana do Rio de Janeiro, no início de 2011, ou dos refugiados da seca no Nordeste estão firmes na cabeça de muitos brasileiros. Mas esses são apenas dois dos vários exemplos dos impactos das mudanças climáticas no Brasil. Muitas vezes, os efeitos delas são ainda piores por causa da falta de estrutura das cidades brasileiras.
“O Brasil não está totalmente preparado para as mudanças climáticas e seus impactos. Os pontos fracos do Brasil estão relacionados à sua infraestrutura e ao fato de ser um país de enorme extensão e com uma grande população pobre”, frisa o cientista-chefe do Instituto de Adaptação Global (GAIN, em inglês), Ian Noble. Uma recente pesquisa do instituto mostrou que, no quesito vulnerabilidade, o Brasil está na 58ª posição entre 176 países.
Segundo os cientistas, cada região brasileira sofre de forma diferente com os impactos das mudanças climáticas. No Sul e no Sudeste, o maior problema são as chuvas cada vez mais intensas – e, com elas, os perigos cada vez maiores para as pessoas que vivem em encostas. Já o Centro-Oeste e principalmente o Nordeste vão passar por secas cada vez mais frequentes. No Centro-Oeste, algumas regiões de savana deverão virar caatinga. Já partes da floresta tropical úmida da Amazônia deverão se converter em serrado e savana.
Agricultura, energia e migração
A agricultura é o setor econômico mais vulnerável às condições climáticas. As temperaturas mais altas e a variação do regime de chuvas podem obrigar uma série de culturas – como arroz, café, soja e milho – a se deslocar para áreas onde as condições climáticas sejam mais favoráveis. “Isso gera transtornos para a economia e o setor agrícola”, comenta Saulo Rodrigues Filho, diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília (UnB).
O setor energético brasileiro também é vulnerável, pois depende do regime de chuvas e das hidrelétricas. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível dos reservatórios é o menor em dez anos e caiu para menos da metade nas principais hidrelétricas do país, o que cria o risco de apagões.
O governo federal responde com medidas de curto prazo, como a queima de petróleo para produzir eletricidade. “O governo brasileiro não entende o atual problema como uma vulnerabilidade do setor energético diante das mudanças climáticas”, afirma Cláudio Szlafszstein, do núcleo de meio ambiente da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Quanto à migração regional, o agravamento das adversidades climáticas poderá fazer ressurgir os refugiados do clima, principalmente na região Nordeste. “As condições climáticas do semiárido nordestino poderão ficar mais adversas e, com isso, deve haver um grande fluxo migratório”, afirmou Saulo Filho.
Szlafszstein lembra que o Brasil vivencia o problema da migração interna da população por fatores climáticos há muito tempo, principalmente a nordestina por causa da seca. “Enquanto estudiosos e a ONU usam o termo ‘migrações climáticas’, no Brasil a seca e seus impactos são tidos como problemas crônicos”, comenta.
Avanços?
O pesquisador Saulo Filho, da UnB, avalia que o governo brasileiro avançou no combate às mudanças climáticas com a adoção de medidas e de políticas em sintonia com o que a ciência diz ser necessário para minimizar os impactos. Um passo importante foi o fato de o Brasil ter apresentado uma redução voluntária na emissão de gases do efeito estufa, não prevista no protocolo de Kyoto, na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas realizada em 2009 em Copenhage.
Outra ação importante foi implementada também em 2009, com a criação da Política Nacional de Mudanças Climáticas, que visa elaborar planos contra os impactos das mudanças climáticas para diversos setores da economia.
“São avanços importantes, o Brasil caminhou na direção certa. Mas seria preciso muito mais do que isso no que diz respeito à adaptação e ao combate à vulnerabilidade. Nesses pontos, ainda temos muito por fazer”, afirma Saulo Filho.

Szlafszstein diz que o governo brasileiro não tem um planejamento estratégico para diminuir os impactos das mudanças climáticas. “Há numerosas intenções e propostas, mas elas se destacam por serem isoladas, com escasso nível de implementação, e por serem orientadas para diminuir as emissões de gases-estufa, com pouca atenção para a adaptação aos impactos das mudanças climáticas.”

Além disso, o discurso de preocupação com as questões ambientais é acompanhado por políticas que vão no sentido contrário, como o incentivo à produção de automóveis e à extração de petróleo.
Sistema de alerta
A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, em janeiro de 2011, é considerado o maior desastre climático do Brasil. Na época, mais de 900 pessoas morreram por causa dos deslizamentos, que deixaram milhares de desabrigados.
Para evitar novas tragédias, o governo federal criou em dezembro de 2011 o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden). O objetivo do centro de pesquisa é alertar, com até duas horas de antecedência, sobre o risco de deslizamentos de encostas.
De acordo com Carlos Nobre, secretário de políticas e programas de pesquisa e desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o governo tem a meta – ambiciosa, segundo ele – de diminuir o número de mortos, feridos, desabrigados e desalojados em 80% nos próximos anos. “Com o sistema de alerta, a Defesa Civil pode conduzir um processo organizado de evacuação dos moradores, que podem ir para um lugar seguro. O sistema elabora, diariamente, alertas para todo o país”, diz Nobre.
Pensar de forma preventiva
Segundo Saulo Filho, é importante agir de forma preventiva e não apenas remediar os erros. Ele cita um estudo do professor britânico Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Banco Mundial, segundo o qual ações preventivas são cinco vezes mais econômicas.
Saulo Filho afirma que governantes, políticos e até mesmo alguns setores da sociedade ainda resistem em aceitar o tema como prioritário na hora de elaborar políticas e adotar medidas.
“O ser humano quer ter 100% de certeza de que tudo que está ocorrendo com o clima se deve à ação humana. Mas a complexidade do sistema não permite fazer interpretações tão exatas e tão precisas. Isso torna mais difícil convencer os políticos, e essa é uma das barreiras a serem quebradas nos próximos anos”, afirma.

Facebook te deixa mais gordo, pobre e burro!

facebook-bad-300x3001Hoje em dia é até estranho encontrar alguém que não use o Facebook diariamente, mas parece que essa grande rede social, apesar de ter sua parte boa, pode ser na verdade péssima para você em vários sentidos. Os cientistas da Universidade de Pitsburgo, em parceria com os da Columbia, fizeram uma pesquisa que revelou fatos interessantes sobre quem adora o Facebook, e não é nada bom. Primeiro eles descobriram que quem usa muito a rede tende a engordar, preferindo sempre se alimentar de comidas mais calóricas, ao contrário dos que não usam a rede.
Além disso, quem usa o site de Mark Zuckerberg tende a gastar mais dinheiro em porcarias, pois de alguma maneira as pessoas viciadas no Face se tornam bem mais consumistas (talvez a explicação para isso seja que as pessoas compram para depois poderem mostrar para os amigos na internet, em vez de comprarem só o que realmente precisam.)

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Para completar, quem usa muito o site também parece ficar menos inteligente, pois os testes mostraram que os viciados em Facebook tendem a desistirem mais facilmente na hora de resolver problemas de matemática.
Os cientistas responsáveis pelo estudo disseram que as pessoas ficam assim, pois se sentem bem usando o Facebook e falando com os amigos, por essa sensação de felicidade acabam se descuidando de outras coisas, o que gera esse péssimo resultado.
Então saia um pouco do PC vá viver a vida fora do Facebook, se não daqui a pouco vai estar gordo, burro e pobre! Não deixe de curtir o post logo a baixo!

Bernard Häring, um testemunho de amor crítico pela Igreja

Publicamos uma adaptação da contribuição do teólogo moral norte-americano Charles E. Curran ao livro Not Less Than Everything: Catholic Writers on Heroes of Conscience, from Joan of Arc to Oscar Romero, editado por Catherine Wolff, que será publicado pela editora HarperCollins em fevereiro de 2013. O padre redentorista Bernard Häring (foto) completaria 100 anos no último dia 10 de novembro.
Curran é padre de Rochester, na diocese de Nova York, e professor da cátedra Elizabeth Scurlock de Valores Humanos da Southern Methodist University, em Dallas. Em 1968, quando lecionava na Catholic University of America, entrou em desacordo com o Vaticano e com o Papa Paulo VI por causa da encíclica Humanae Vitae. Em 1986, após um processo judicial, Curran foi expulso da universidade, e o Vaticano o destituiu de suas credenciais como teólogo católico.

Eis o artigo.
O meu apreço por Bernard Häring foi resumido na dedicação do meu livro de 1972, Catholic Moral Theology in Dialogue – “Para Bernard Häring CSsR, professor, teólogo, amigo e ministro sacerdotal do Evangelho na teoria e na prática, por ocasião do seu sexagésimo aniversário”.
Como um padre muito jovem da diocese de Rochester, Nova York, eu estava fazendo meu trabalho de doutorado na Academia Alfonsiana em Roma, de 1959 a 1961. Eu estava programado para lecionar teologia moral no seminário diocesano de Rochester. Depois de quatro anos de teologia na Universidade Gregoriana, eu estava me abrindo um pouco com relação à minha orientação teológica conservadora e o meu compromisso com a teologia moral dos manuais. Eu não escrevi a minha dissertação com Häring, mas estava realmente impressionado e alimentado pelas suas aulas (em latim), nas quais ele desenvolvia a sua abordagem à teologia moral. Com o meu convite, muitos colegas padres que viviam comigo na faculdade norte-americana em Roma vieram para ouvi-lo e ficaram muito impressionados.
Em 1961, eu comecei a lecionar no seminário de Rochester, tentando imitar a abordagem de Häring. Um ano, no início do meu ensino de um curso de dois semestres, eu não abri o manual requerido até o dia 1º de março. Primeiro, eu quis mostrar a profundidade e a amplitude total da vida moral cristã antes de entrar no manual. Mais tarde, eu li na autobiografia de Häring que ele fizera a mesma coisa quando começou a ensinar teologia moral.
Eu fui o principal motor para trazer Häring para os Estados Unidos em 1963 para dar palestras e oficinas durante o verão. Nos anos subsequentes, Häring voltou muitas vezes para os Estados Unidos durante o verão, mas também viajou por muitas partes da África, da América Latina e da Ásia, dando palestras e retiros.
No dia 29 de julho de 1968, a encíclica Humanae Vitae, do Papa Paulo VI, que reiterava a condenação da contracepção artificial para os cônjuges, foi divulgada ao público. Eu era o líder e depois porta-voz do que começou como um grupo de 10 de nós, principalmente da Universidade Católica dos Estados Unidos, que leram a encíclica naquela noite e elaboraram uma resposta a ela. Nossa declaração de apenas 10 parágrafos concluía que os católicos poderiam responsavelmente decidir a usar o controle de natalidade se fosse para o bem do seu casamento.
Depois de terminar a declaração, telefonamos para uma diversos outros teólogos do país em busca de mais assinaturas. Contatei Häring na Califórnia, li para ele a declaração e fiquei em êxtase quando ele concordou em assinar. Na manhã do dia 30 de julho, eu atuei como porta-voz para os então 86 estudiosos católicos, incluindo Häring, que assinaram a declaração. No fim, mais de 600 assinaram.
Essa resposta direta e rápida à encíclica despertou a atenção mundial. O próprio Häring, à época e depois, sem dúvida, tornou-se o proponente mais proeminente e público no mundo católico da discordância com relação à conclusão da encíclica.
No verão de 1979, fui informado de que eu estava sob investigação da congregação vaticana para a Doutrina da Fé pela minha discordância sobre diversas questões morais. Naquele outono, eu fui para Roma para consultar Häring e outros. Durante todo o processo, eu fiquei em contato próximo com Bernard.
Depois de muitas correspondências, ficou claro no fim de 1985 que a Congregação para a Doutrina da Fé iria tomar medidas contra mim, o que acabaram fizeram ao declarar que eu não era nem adequado nem elegível para ser um teólogo católico. No entanto, eles concordaram, sim, para que eu tivesse um encontro informal com o cardeal Joseph Ratzinger e algumas autoridades da Congregação em março de 1986. Eu podia levar um assessor. Ao longo de todo o tempo, Häring concordou que, se tal encontro ocorresse, ele iria me acompanhar.
A presença de Häring foi uma fonte de grande força e consolo para mim. Ele começou a sessão lendo um artigo de duas páginas intitulado “O frequente e duradouro dissenso da Inquisição/Santo Ofício/Congregação para a Doutrina da Fé”. O texto era o melhor de Häring em sua fala franca com o poder. No fim, ele instou Ratzinger fortemente a aceitar um compromisso de que eu não iria lecionar ética sexual na Universidade Católica e de que não haveria condenação. O encontro terminou sem qualquer solução ou ação.
No dia seguinte, o quarto Domingo da Quaresma, seis de nós fomos à casa religiosa de Häring para celebrar uma liturgia que ele presidiu. O Evangelho era a parábola do filho pródigo. Häring, na homilia, olhou para mim e disse que a Igreja era o filho pródigo que havia tomado todo o meu tesouro e meu trabalho pela teologia moral e alimentado os porcos. Mas o Espírito Santo estava chamando a mim e aos demais presentes para assumir o papel do Pai e perdoar a Igreja. Só com um espírito de perdão e de esperança podemos continuar celebrando a Eucaristia. Ele terminou a homilia repetindo duas vezes que os cristãos são pessoas que têm esperança.
Nos últimos anos, muitas vezes eu fui encorajado pelo testemunho de Bernard Häring. Uma centralização defensiva continua marcando a atitude do Vaticano diante de quaisquer tentativas para trazer a mudança. João Paulo II reconheceu que houve uma crise na teologia moral, porque muitos teólogos morais hoje discordam do ensinamento papal. Mas os papas combateram veementemente essa mudança e até mesmo tomaram medidas punitivas contra os que discordavam acerca de assuntos que não são essenciais para a fé católica.
Enquanto isso, todos nós temos visto famílias e amigos abandonarem a Igreja Católica por causa da sua intransigência. Muitas pessoas têm me perguntado se eu vejo quaisquer sinais de esperança na Igreja hoje. Eu lembro a eles e a mim mesmo que a esperança não é esperança se você a vê na sua frente. São Paulo nos diz que a esperança está esperar contra toda esperança. A esperança é acreditar na luz no meio da escuridão e na vida no meio da morte.
Bernard Häring foi verdadeiramente uma pessoa de esperança. Ele enfrentou a morte muitas vezes na Segunda Guerra Mundial. Ele quase morreu nas operações para tentar curar o seu câncer de garganta. A pessoa que falou em mais línguas para mais pessoas em todas as partes do mundo do que qualquer outro teólogo, pregador ou missionário depois teve as suas cordas vocais removidas e teve que aprender a falar com o esôfago, o que não era fácil nem para ele nem para os seus ouvintes. Nos últimos anos de sua vida, ele experimentou o retorno de uma centralização e autoritarismo que ele achava que haviam sido derrotados pelo Concílio Vaticano II.
O testemunho de Häring de amor crítico pela Igreja, a sua franqueza e a sua esperança, mesmo no meio da escuridão, permitiram-lhe continuar a luta pela reforma da Igreja. O seu testemunho dá esperança e força para todos.

O artigo foi publicado no jornal National Catholic Reporter, 24-11-2012, reproduzido pelo IHU-Unisinos.

Lula participa de campanha contra fome em parceria com FAO e União Africana

O diretor da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, anunciou nesta segunda-feira em Niamey o lançamento de uma nova campanha para a erradicação da fome na África, da qual participarão a União Africana e o Instituto Lula, dirigido pelo ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Segundo Graziano, Níger, Malawi, Angola e Etiópia foram escolhidos como os quatro países para experimentar a nova estratégia, criada na semana passada na Etiópia, coincidindo com uma viagem de Lula por vários países africanos.
“Por meio desta nova estratégia, o Instituto Lula se compromete a ajudar os países africanos que estão na associação através do financiamento necessário para atender os objetivos da erradicação da fome”, disse o diretor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Além disso, Graziano disse que “a União Africana oferecerá um impulso político à iniciativa, da mesma forma que outros órgãos africanos como o Novo Partenariado para o Desenvolvimento da África (Nepad) e outros grupos econômicos regionais”.
Por sua vez, “a FAO fornecerá o apoio técnico necessário aos países para pôr em funcionamento a estratégia”, de acordo com o diretor.
O representante da FAO ressaltou que a escolha destes quatro países aconteceu por conta da forte vontade política demonstrada pelos Estados para acabar com a fome e da existência de programas, fortes e coerentes, de segurança alimentar.
“Níger foi selecionado no primeiro grupo de países piloto como representante do Sael, mas também, e principalmente, pelo compromisso político de suas autoridades em favor da luta contra a fome”, afirmou Graziano.
O diretor-geral da FAO, que se reuniu com o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, e com o presidente do Parlamento, Hama Amadou, entre outros políticos, deu a entender que o início do programa se traduzirá em assistência técnica nos domínios da agricultura, da pecuária e da pesca.
“A FAO fornecerá apoio técnico a sua equipe no Níger, e também um apoio em termos de reforço das capacidades formativas. Além disso, facilitaremos e apoiaremos viagens de estudo a vários países, como o Brasil, que têm grande experiência em segurança alimentar”, afirmou o diretor da organização.
No último dia 21, Lula declarou em Adis Abeba, sede da União Africana, que a África poderia se beneficiar da experiência do Brasil na redução da fome e de seus projetos de soberania alimentícia.
“A África poderia aprender com nações como o Brasil e tirar lições de sua luta contra a fome e a favor da segurança alimentar”, disse Lula.
O ex-presidente afirmou que o Brasil tirou 28 milhões de pessoas da pobreza, fazendo com que outros 40 milhões passassem a fazer parte da classe média.
“É importante que os pequenos agricultores tenham acesso a créditos e tecnologia. O sucesso está garantido. Temos que acabar de uma vez por todas com a agricultura de subsistência”, afirmou o ex-presidente. EFE