Arquivo mensal: janeiro 2012

Poodle abandonado

Desde a metade do primeiro semestre do ano passado (bom lembrar que 2011 é “ano passado”!) estou morando Vila João Pessoa em Porto Alegre. É um lugar muito especial do ponto de vista geográfico e sociológico. A “Vila João Pessoa” é um conjunto de umas dez quadras de urbanização formal onde mora uma classe média um pouco acima da média. As casas são boas, todas com garagens para dois ou mais carros, algumas com piscinas e, como não podia deixar de ser, com altos muros, grades, cercas elétricas e muitos cachorros. Em quase todas as casas há cachorros. E, como são para segurança, quase todos de raças e tamanhos avantajados. Até em nossa franciscana casa há duas cachorras enormes!
A razão dessa preocupação com segurança é que a Vila João Pessoa é um pequeno gueto cercado por ocupações irregulares por todos os lados. De um lado está o Campo da Tuca, de outro a Volta da Cobra e do outro o Presídio Central e o complexo de vilas que o cercam. Apenas por um lado, o que leva à Terceira Perimetral, não há vilas…
E é por esse lado, exatamente, que fica o caminho que tomo todos os dias pra ir de casa ao trabalho. Pois hoje, no caminho de casa ao trabalho, reparei em algo que nunca havia reparado antes: cachorros abandonados… Mesmo havendo cachorros em todas as casas, é muito difícil ver um deles vagando pelas ruas da Vila João Pessoa. Pois hoje demanhã, em menos de quatro quadras, h
avia três cachorros abandonados. E, por coincidência, eram três poodles. Pelo desgrenhado dos pelos, a sujeira e magreza, via-se que já estavam há dias na rua. E ninguém os recolheu!…
Perguntei-me: de onde teriam vindo os poodles? Acho que não vieram das casas pobres do entorno da Vila João Pessoa. Afinal, pobre não tem cachorro por questão de beleza. Pobre tem cachorro por questão de segurança. Teriam sido eles enxotados das casas da classe média da Vila João Pessoa? É o mais provável, pois quem tem cachorro por questão de beleza é a classe média que, na sua estética volúvel, já deve ter chegado à conclusão que ter um poodle já é “demodé”.
Todos casos, aí estão os três poodles abandonados vagando pela Vila João Pessoa. Talvez amanhã já sejam quatro…

Marcelo Neri: saímos do Século XIX

 NeriA entrevista  do pesquisador Marcelo Neri (FGV-RJ) publicada na edição de 18 de janeiro de Carta Capital é uma daquelas que falam por si só. Com números e interpretações o entrevistado mostra o que mudou e o que pode mudar na economia e na sociedade brasileira nos próximos (passados e futuros) anos. Vale a pena conferir!

CartaCapital: Quais os principais números da recente onda de inclusão social no País?
Marcelo Neri: Desde o lançamento do Plano Real até dezembro de 2010, no fim da década passada, a pobreza caiu 67%. Desde o governo Lula, caiu 50,6% nos dois mandatos. Lula fez 25 anos, ou seja, a meta do milênio de reduzir 
a pobreza à metade, em oito anos. E desde quando Fernando Henrique era ministro da Fazenda reduziu 31%. Então, caiu 31% e, depois, 50%, o que dá 67% de queda, dois terços da pobreza no Brasil. O primeiro passo foi o controle da inflação, e o investimento pesado em educação lá atrás. Em 1990, o Brasil tinha 16% das crianças de 7 a 14 anos fora da escola.

Em 2000, tinha 4%. Agora tem menos de 2%. Na década passada, houve redução da desigualdade e mais emprego formal, com carteira assinada. Na minha visão, são os dois maiores méritos de cada década (de 1990 e 2000). A 
desigualdade e o emprego com carteira são bastante influenciados tanto pela estabilização quanto pela educação. E, obviamente, também devido a uma política social ativa. O Bolsa Família talvez seja o maior exemplo e descende também lá do Bolsa Escola. Então teve uma continuidade interessante, macroeconomicamente, em política social, em educação… Até o primeiro mandato de Lula a gente não andou para frente em educação, mas no segundo mandato retomamos a agenda de educação, que foi além com Fernando Haddad.
CC: Quais os avanços mais recentes?
MN: Em 2010, para se ter ideia, a pobreza caiu 16%, foi algo espetacular. Também porque foi ano eleitoral e de saída da crise. Aqui, a crise, por sinal, não foi tão forte, mas ela aconteceu. O Censo acabou de confirmar: a renda dos 50%
mais pobres cresceu 68%, entre 2000 e 2010. A dos 10% mais ricos cresceu 10%. Desde 2003, no primeiro ano do governo Lula, a gente mudou de patamar em geração de emprego. Já em 2004, inclusive, e veio acelerando. A 
gente, que vivia no voo da galinha, ano bom, ano ruim, conseguiu ter vários anos bons de crescimento – não excepcionais. Mas anos excepcionais em redução de desigualdade. Outro dado importante é que 39 milhões de pessoas subiram à classe C. O Brasil tem um pouco um espírito de Ayrton Senna, anda bem debaixo das 
chuvas e trovoadas internacionais.

CC: Como andou a desigualdade nos países centrais nas últimas 
décadas?
MN: Aí há algum paradoxo. Dentro dos países a desigualdade aumentou. Em todos os países europeus ela também aumentou, desde 1985, com exceção de França e Bélgica. Nos Estados Unidos, ela vai aumentando desde a era Reagan.

CC: E não parou mais de crescer?
MN: Não para de aumentar. O protesto em Wall Street, por sinal, é baseado nessa situação. Na Índia e na China, está crescendo muito a desigualdade. E em outros países emergentes também, menos nos latino-americanos, o que é realmente um dado novo. E o Brasil está dentro desse contexto latino-americano. Então existe certa convergência da 
desigualdade no mundo: quem tinha muita passou a ter menos, como nós da América Latina. E quem tinha meno , como a Europa e mesmo os Estados Unidos, embora não tão menos, bem mais do que a Europa, aumentou.

CC: Voltando ao Brasil, qual segmento social ficou para trás?
MN: A renda em São Paulo, de 2000 a 2009, cresceu 7,2% (em termos reais per capita). A renda no Nordeste cresce 42%. Em Sergipe, estado em que mais cresceu, o aumento foi de 58%. No campo a renda cresceu 49% e nas 
metrópoles, 21%. Entre as mulheres aumentou 38% e entre os homens, 16%. Para os negros 43%, ante 21% para os brancos. Entre analfabetos cresceu 47%. Para as pessoas com pelo menos o superior incompleto caiu 17%. Ou seja, para todo mundo que é pobre cresceu a renda. O que é difícil para nós que não estamos na base percebermos. A gente olha e fala: a renda desse cara era de 300 reais, agora é de 500, mas o que mudou? Para o cara é uma revolução, e é realmente. Essa redução da desigualdade é a grande marca brasileira dos últimos dez anos. E ela 
continua, não tem nenhum sinal de que desacelerou. Pode até parar (de cair) com a crise, como parou em 2009, mas voltou, não andou para trás. Obviamente ainda será preciso ver os dados da crise atual.
CC: Os que ficaram para trás são da chamada classe média tradicional?

MN: Acho que sim, essa é uma boa classificação. Quem era classe média tradicional, perdeu. Acho que o Brasil dos últimos anos é o seguinte: boas e más notícias. A boa é que a desigualdade caiu. A má notícia é que a classe média tradicional não entrou na festa. O espetáculo do crescimento é só a preços populares, é um pouco isso. Não tenho essa visão de muita gente que diz que o Brasil entrou no século XXI. A gente está saindo do século XIX, é uma abolição da escravatura retardada. Está saindo de um país muito desigual muito rápido, mas recuperando um atraso grande.

CC: O que explica isso?
MN: Foi uma queda do retorno da educação. Por que a renda cresce na base da pirâmide? Pense no filho do peão. O pai dele era analfabeto ou analfabeto funcional. Ele foi lá, estudou, chegou ao ensino médio e não quer ser peão como o pai. Aí a demanda por pessoas pouco educadas aumentou muito. Tem mais gente com ensino médio, chegando ao ensino superior, com qualidade questionável da educação, é verdade, mas tem mais concorrência. Quem tem um diploma deixou de ser tão valorizado. E quem não tem diploma passou a ser valorizado porque são poucos, e tem muito trabalho braçal. Então tem o fator educação e o fator programas sociais. É o dinheiro para as pessoas lá na base, o Bolsa Família.
CC: Qual a sua expectativa em relação ao reajuste do salário mínimo, válido a partir de 1° de janeiro?
MN: O efeito do mínimo é pequeno no combate à desigualdade. Sou muito mais fã do Bolsa Família. E crítico do salário mínimo. Até mostrei, 16 anos atrás, o importante papel que o salário mínimo teve para reduzir a pobreza 
depois do Real. Mostramos que a queda de 40% da pobreza foi no mês que o salário mínimo teve um forte reajuste, maio de 1995. Só que esse efeito foi embora. E agora claramente o Brasil vai entrar em um ano em que deveria fazer algum”dever de casa” nas contas públicas, mas pegará o efeito do Pibão (crescimento de 7,5% do PIB) de 2010 e automaticamente jogar para o salário mínimo de 2012. Não é uma fórmula razoável, acho inclusive que os analistas econômicos aceitaram alguma coisa muito ruim para o País. Tem um efeito desastroso nas contas e não tem um 
efeito tão positivo sobre a desigualdade.
CC: O Bolsa Família continuará relevante?
MN: Quem tem preocupações fiscais deveria gostar do Bolsa Família. Acho que a gente está com uma nova geração, até tenho participado aqui no Rio e em Curitiba d
o desenho de programas complementares ao Bolsa Família, que usam o cadastro único do Bolsa Família. Aqui no Rio existe o Família Carioca, um programa municipal que atende 500 mil famílias, criado pela Claudia Costin, que é excepcional, com avaliações bimestrais. Criamos um prêmio para os alunos pobres que melhorarem a nota. E estamos começando a ver os resultados. E são resultados interessantes. O governo do estado está fazendo a mesma coisa. Isso é o que eu gosto de chamar de um novo federalismo social, com vários níveis de governo começando a atuar na área de educação, com metas de educação. O Brasil tem efervescência, somos uma democracia vibrante… Veja lá nos países árabes, eles estão numa transformação, mas é uma transformação bélica, traumática. Veja a Europa, mesmo antes da crise… Aqui no Brasil a gente está com esperança, é uma sociedade em movimento. Morei há 30 anos na Africa do Sul e tive oportunidade de voltar lá recentemente. E tive exatamente a mesma sensação lá, embora haja problemas bem complicados. Talvez esse seja o aspecto mais fascinante de morar no Brasil atualmente.

CC: Quais os maiores riscos em termos objetivos para a luta contra a desigualdade?
MN: Não fazer as reformas. O Brasil gerou muito emprego formal. Mas imagine se a gente tivesse uma legislação trabalhista mais ajeitada. Porque o Brasil tem um Estado grande e há uma preferência da população por isso. Acho 
que o Brasil está optando por um caminho do meio, mesclando Estado com iniciativa privada, respeito a contratos, fazendo uma política ativa. Agora se a gente usar essa rede do Estado para prover serviços bons, de forma transparente, além de todo esse problema da corrupção que a gente tem de resolver. De alguma forma estamos encaminhando isso, a sociedade está. Vai depender da nossa capacidade de superar obstáculos.

De pessoas, personalidades e falta de personalidade

 
Apenas alguns comentários sobre algumas informações que circulam pela imprensa local e nacional de hoje. Da imprensa local, duas notícias de fatos que, mesmo tendo acontecido a milhares de quilômetros de distância se referem a duas pessoas que tem muito em comum pelo histórico pessoal e pelo perfil político. Vou omitir os nomes para evitar pré-julgamentos.
Uma Deputada Federal de um partido de esquerda atualmente ocupando um cargo ministerial em Brasília está aproveitando as férias para fazer o Curso de Reciclagem de condutores pois havia excedido os 22 pontos. Como todo motorista que chegou a tal situação, se submeteu à lei como qualquer um outro cidadão.
Um outro Deputado Federal, que também excedeu os 22 pontos na carteira, foi detido pela Polícia Rodoviária ao ultrapassar em local indevido. Continuava dirigindo com a Habilitação apreendida e comentendo mais infrações. Ao ser preso, reclamou do “abuso de autoridade” do policial.
Mesmo estando no jornal a 20 páginas de distância – uma informação na página de política e outra na sessão policial – é impossível não ligar uma à outra. Os fatos falam por si…
O outro fato é do “estupro público em rede nacional de televisão e com patrocínio” que o Brasil inteiro assistiu ontem e continua repercutindo nas redes sociais e meios de comunicação. O que mais me espantou foi hoje de manhã, ao ouvir uma emissora de rádio ligada à Globo, um jornalista comentar que a vítima do estupro devia ser expulsa do Big Brother junto com o colega que a violentou. Estranho critério!…
Pensando bem, quem devia ser mesmo expulso da televisão brasileira era o Boni e seu testa de ferro Bial. Mas isso pode ser entendido como atentado à liberdade de imprensa. Estamos num regime democrático e cada um tem o direito de estuprar a quem quiser desde que seja um “estupro artístico”. Acho que o raciocínio vai por aí.
Aliás: será que os patrocinadores do programa em questão se sentem bem ao terem seu produto associado a tal crime:
E os consumidores, ao comprar os produtos das empresas que patrocinam o B…, devem saber que estão patrocinando o estupro público de uma jovem que, não importa qual sua condição moral, sofreu uma violência sexual catalogada como crime hediondo.

Refugiados haitianos

Na última semana a imprensa brasileira vem dando cobertura a uma situação que não é nova: a presença de refugiados haitianos nas cidades da fronteira com o Peru. Quem só escutasse as chamadas de abertura dos noticiários da noite ou só lesse as manchetes dos jornais, poderia imaginar que se trata de uma multidão de homens e mulheres invadindo os estados do noroeste brasileiro. Na verdade, a expressão “milhares” não pode ser usada. Trata-se de centenas… Concretamente, fala-se em torno de 4 mil pessoas.
Em termos absolutos, um número insignificante diante dos quase duzentos milhões de brasileiros que somos. Não há nenhum perigo de “invasão” haitiana. E mais: se olhamos os rostos dos homens, mulheres e crianças e não os escutamos falar, dificilmente poderíamos imaginar que são estrangeiros. Eles e elas passariam sem ser notados em qualquer cidade brasileira. Isso não só por compartilharmos com eles a mesma origem étnica mas também porque, como já cantou Gilberto Gil, “o Haiti é aqui”. Haitianos e brasileiros, por razões históricas e culturais, somos filhos do mesmo processo colonial e escravagista que trouxe, contra a vontade, a África para cá.
Em termos pessoais, no entanto, o rosto de cada haitiano e de cada haitiana que aqui aportam traz um drama que não pode ser medido pelo número. É o drama de pessoas que, em consequência do colonialismo e da escravidão secular, da exploração capitalista e dos desastres naturais e da atual ocupação pelas tropas da ONU, não conseguem ter perspectiva de vida digna em suas próprias terras. E, na ânsia de buscar um futuro melhor para si e seus filhos, caem nas mãos dos coyotes que os exploram para depois largá-los em plena floresta amazônica.
Drama ao qual não podemos ficar indiferentes por várias razões. Em primeiro lugar, porque somos povos irmãos e não podemos ficar indiferentes frente ao drama deles que também é nosso. Segundo, porque o Brasil também foi feito por migrantes. Alemães, italianos, poloneses, espanhóis, portugueses, franceses, libaneses, árabes, japoneses, chineses… saíram de suas terras e para cá vieram nos séculos XIX e XX não porque amassem o Brasil ou por puro instinto de aventura. Vieram para cá porque não tinham condições de vida digna em seus países de origem. Vieram como refugiados econômicos, políticos, étnicos e religiosos e aqui, juntos construímos este país do qual nos orgulhamos e sentimos cidadãos. Não podemos esquecer isso e fechar a porta pela qual todos nós, de uma forma ou de outra, passamos.
Em terceiro, e não menos importante lugar, é bom lembrar o envolvimento do Brasil com o Haiti. O exército e as polícias brasileiras constituem o número mais significativo das tropas de paz da ONU no Haito. Logo em seguida ao terremoto, o governo e a sociedade brasileira tomaram a iniciativa de ir em socorro do povo haitiano. Ajuda que calou fundo no coração dos haitianos e faz com que sintam pelo Brasil mais do que simpatia. Haitianos e haitianas veem no Brasil e no povo brasileiro um país e um povo irmão que soube estender a mão e não fugir de sua responsabilididade na construção de relações internacionais baseadas não no interesse e no poder, mas no sentimento de irmandade entre os povos.
Controlar a entrada de haitianos, como propõe o governo brasileiro, é uma medida necessário, não para barrar que mais deles venham para cá. A finalidade deve ser coibir a ação dos coyotes que se aproveitam da desgraça para ganhar dinheiro. Mas continuar com a porta aberta e propiciar trabalho, estudo e formação para que eles possam um dia, se o desejarem, retornar ao seu país e ajudar na reconstrução. E, se desejarem permanecer conosco, possam integra-se na sociedade brasileira e trazer mais uma contribuição na tão variada sociedade brasileira que somos.

Michel Teló e o imaginário dos boleiros

Há dias vinha pensando em escrever algo sobre o hit Ai se eu te pego do “cantor” Michel Teló. Hoje, ao dar uma passeada na internet, no site do Correio do Povo, encontrei um texto do Juremir Machado da Silva sobre o assunto. Mesmo não sendo admirador do articulista, acho que expressa em parte o que eu queria dizer… Reproduzo o texto abaixo na íntegra.

Ai Se Eu Te Pego

Michel Teló

Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Sábado na balada
A galera começou a dançar
E passou a menina mais linda
Tomei coragem e comecei a falar
Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Sábado na balada
A galera começou a dançar
E passou a menina mais linda
Tomei coragem e comecei a falar
Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego.
*
Não é genial essa letra?
Não, não é.
É babaquice pura.
Por que faz tanto sucesso?
Por que somos babacas e nosso poder intelectual  e estético não capta muito além disso.
Por que os jogadores de futebol gostam tanto?
Porque boleiros podem ser gênios da coordenação motora e da relação espaço-tempo intuitivamente, mas têm imaginário subdesenvolvido, atrofiado, cérebro do tamanho de uma ervilha.
O universal do boleiro não favore o desenvolvimento do imaginário.
Viajam muito, mas só conhecem aeroportos, hotéis e estádios de futebol.
Quantos foram ao Louvre, em 1998, durante as folgas?
Concepção elitista?
Elitismo versus populismo.
Teló é a cara da indústria cultural, da cultura fast-food, esse babado todo.
Um lixo.
Mas a galera gosta.
Que fazer?
Fazer concurso para gari.
Afinal, o que conta é a vibração, o gozo, a felicidade.
Felicidade de bilionário da sociedade do espetáculo é barata.
Duvido que Michel Teló tenha talento para fazer uma segunda música tão medíocre.
A extrema mediocridade exige um instante de genialidade absoluta.
É como ganhar na megassena sozinho.
Não acontece duas vezes.
Teló já foi sorteado.
Criou o seu melô do vestiário.
Chapeau!
Danilo Gentilli já o defendeu.
O CQC é a mediocridade que se finge de genial.
E cola.
Teló é o Rafinha Bastos com mais talento.
Mais talento para o ridículo.
Mas como fatura!
Nós, os invejosos, só podemos criticá-los.
Que homens!
Que gênios!
Que época!