Arquivo mensal: julho 2012

Primeiro condenar, depois julgar…

Começa amanhã, quiiinta-feira, o julgamento do chamamado “mensalão do PT”. Feito à toque de caixa e às vésperas das eleições municipais, para o grande imprensa, o resultado é dado como certo: a condenação dos envolvidos, especialmente os do Partido dos Trabalhadores. Primeiro condena, depois, o julgamento, é um mero detalhe…
Abaixo uma análise de Jânio de Freitas, publicada na insuspeita de petismo Folha de São Paulo, que é um chamado à reflexão sobre o significado político do julgamento.

O julgamento na imprensa
Jânio de Freitas.

O julgamento do Mensalão do PT pelo Supremo Tribunal Federal é desnecessário. Entre a insinuação mal disfarçada e a condenação explícita, a massa de reportagens e comentários lançados agora, sobre o mensalão, contém uma evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus saberes.

Os trabalhos jornalísticos com esforço de equilíbrio estão em minoria quase comovente.

Na hipótese mais complacente com a imprensa, aí considerados também o rádio e a TV, o sentido e a massa de reportagens e comentários resulta em pressão forte, com duas direções.

Uma, sobre o Supremo. Sobre a liberdade dos magistrados de exercerem sua concepção de justiça, sem influências, inconscientes mesmo, de fatores externos ao julgamento, qualquer que seja.

Essa é a condição que os regimes autoritários negam aos magistrados e a democracia lhes oferece.

Dicotomia que permite pesar e medir o quanto há de apego à democracia em determinados modos de tratar o julgamento do mensalão, seus réus e até o papel da defesa.

O outro rumo da pressão é, claro, a opinião pública que se forma sob as influências do que lhe ofereçam os meios de comunicação.

Se há indução de animosidade contra os réus e os advogados, na hora de um julgamento, a resposta prevista só pode ser a expectativa de condenações a granel e, no resultado alternativo, decepção exaltada. Com a consequência de louvação ou de repulsa à instituição judicial.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reforça o sentido das reportagens e dos comentários mais numerosos, ao achar que “o mensalão é o maior escândalo da história” – do Brasil, subentende-se.

O procurador-geral há de ter lido, ao menos isso, sobre o escândalo arquitetado pelo brilho agitador de Carlos Lacerda em 1954, que levou à República do Galeão, constituída por oficiais da FAB, e ao golpe iniciado contra Getúlio Vargas e interrompido à custa da vida do presidente.

Foi um escândalo de alegada corrupção que pôs multidões na rua contra Getúlio vivo e as fez retornar à rua, em lágrimas, por Getúlio morto.

Como desdobramento, uma série de tentativas de golpes militares e dois golpes consumados em 1955.

O procurador Roberto Gurgel não precisou ler sobre o escândalo de corrupção que levou multidões à rua contra Fernando Collor e, caso único na República, ao impeachment de um presidente. Nem esse episódio de corrupção foi escândalo maior?

E atenção, para não dizer, depois, que não recebemos a advertência de um certo e incerto historiador, em artigo publicado no Rio: “Vivemos um dos momentos mais difíceis da história republicana”.

Dois inícios de guerra civil em 1930 e 1932, insurreição militar-comunista em 1935, golpe integralista abortado em 1937, levante gaúcho de defesa da legalidade em 1961, dezenas de tentativas e de golpes militares desde a década de 1920.

E agora, à espera do julgamento do mensalão, é que “vivemos um dos momentos mais difíceis da história republicana”.
A análise é de Jânio de Freitas, jornalista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 31-07-2012.

O julgamento na imprensa – Notícias DomTotal.

Índios evangélicos aumentam 42% em 10 anos e já são 210 mil

Reproduzimos abaixo matéria da Folha de São Paulo de 22 de julho. É mais um dado do censo que revela as novas tendências religiosas da sociedade brasileira.

 

Índios evangélicos aumentam 42% em 10 anos e já são 210 mil

FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO

Atualizado em 23/07/2012 às 11h05.

O número de índios evangélicos aumentou 42% nos últimos dez anos, conforme dados do Censo 2010. Eles são 210 mil e já correspondem a 25% da população indígena.

O crescimento segue tendência geral da população brasileira –o aumento de evangélicos foi de 61% entre 2000 e 2010, e o grupo corresponde a 22% dos brasileiros. Mas com a peculiar característica de ser impulsionado por organizações que tentam levar a evangelização mesmo a áreas isoladas.

A organização de grupos evangélicos com essa missão tem aumentado, afirma Carlos Travassos, coordenador-geral do setor que monitora tribos isoladas e de recente contato na Funai (Fundação Nacional do Índio).

O trabalho conta até com apoio logístico de aviões em áreas de difícil acesso, graças à Asas de Socorro, uma das 15 agências missionárias evangélicas filiadas à AMTB (Associação de Missões Transculturais Brasileiras).

Bancadas por igrejas, empresas e voluntários, são ligadas a várias denominações e fazem ações de ensino, assistência social e treinamento de líderes indígenas.

O treinamento é a base da ideia da “terceira onda” evangelizadora: depois de missionários brancos estrangeiros e brasileiros, chegou a vez de os próprios índios atuarem.

A maioria dos índios evangélicos é ligada à Assembleia de Deus, 31% do total ou 64.620 pessoas. Em segundo lugar vêm os batistas, com 17%, ou 35,5 mil pessoas.

Em Chapada dos Guimarães (MT) funciona a Ami, escola para índios cujo lema é formar “discípulos de Jesus Cristo” e criar uma igreja “genuinamente indígena em cada tribo do Brasil”.

Eles são preparados para repassar os conhecimentos aprendidos a suas comunidades –“da maneira deles”, diz o pastor indígena Henrique Terena, presidente do Conplei (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas), que se define como o maior movimento evangélico indígena do país.

Na última semana, o Conplei organizou na Ami um congresso que reuniu cerca de 2.500 pessoas, com 81 etnias do Brasil e de outros países, segundo a organização.

Eles comemoraram o marco simbólico da primeira evangelização indígena, quando missionários escoceses chegaram à aldeia de índios terenas, em 1912, em área hoje de Mato Grosso do Sul.

Também retrato de tendência nacional, o percentual de católicos indígenas também caiu nos últimos dez anos, de 59% para 50,5% da população indígena.

A Igreja Católica, com missões iniciadas no século 16, está presente em 185 povos, com missionários ligados ao Cimi (Conselho Indigenista Missionário). A AMTB diz atuar com 182 etnias.

ATRITOS

A penetração religiosa já foi foco de atritos com a Funai. Em 2005, a fundação criticou o grupo Jovens com uma Missão, que retirou crianças de uma aldeia no Amazonas para tratamento médico em São Paulo.

Nos anos 80, integrantes da Missão Novas Tribos foram expulsos da tribo isolada dos Zo’é, no Pará, depois que os índios contraíram doenças.

A Funai vetou em 1994 a abertura de novas frentes missionárias, a não ser as que fossem convidadas pelas comunidades. O entendimento é que os povos têm autonomia para autorizar a entrada.

Para Travassos, a relação de missionários com povos isolados é prejudicial, por impor uma nova forma de ver o mundo. Os evangélicos negam qualquer imposição.

EVANGELIZAÇÃO

Para a AMTB (Associação de Missões Transculturais Brasileiras), que reúne organizações de missionários evangélicos, as ações em comunidades indígenas respeitam a cultura e o direito de escolha dos índios.

Em manifesto divulgado em 2009, a AMTB aponta diferença entre o trabalho de evangelização com a “catequese histórica e impositiva”.

“Se as culturas são móveis e mutáveis, por que as mudanças provocadas a partir do conhecimento dos valores cristãos e do evangelho despertam tantas e tão violentas reações quando se trata de culturas indígenas?”, diz.

A associação diz não ter ligação com nenhuma denominação específica.

A AMTB afirma que as missões executam projetos sociais que ajudam na preservação linguística e cultural desses povos.

O pastor Henrique Terena, presidente do Conplei (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas), diz que os trabalhos ensinam técnicas de plantio e atuam no combate ao alcoolismo, por exemplo.

Ele afirma ainda que, no caso de povos isolados, a atuação ocorre mediante convite das tribos. (FL)

 

Folha de S.Paulo – Poder – Índios evangélicos aumentam 42% em 10 anos e já são 210 mil – 22/07/2012.

Mon Dieu, ministra francesa usa vestido no Parlamento

O texto abaixo é da Revista Carta Capital. e é um sério convite a refletir sobre a relação enre política e machismo:

Mon Dieu, ministra francesa usa vestido no Parlamento

 

Por Barbara Ellen

 

Cécile Duflot, a ministra da Habitação da França, causou comoção ao usar um vestido para falar na Assembleia Nacional (Parlamento). Espere, uma correção. Não foi Duflot que causou comoção, mas sim os ministros homens, que assobiaram e rugiram: “Uau!” De sua parte, Duflot reagiu calmamente, com uma piada seca — “Senhoras e senhores, obviamente mais senhores que senhoras” — antes de continuar seu discurso. Mais tarde ela disse: “Já trabalhei na construção e nunca vi nada parecido. Isso revela algo sobre alguns deputados. Penso nas mulheres deles”. Sim, as pobres esposas, casadas com o que parecem ser “les troglodytes sérieux”, mas esse não é o fim da história.

 

A ministra Cecile Duflot, que causou frisson ao aparecer de saia durante evento político. Foto: Patrick Kovarik/AFP Photo

 

Que pena ver a França com uma Assembleia Nacional cheia do tipo de imbecis que não conseguem se conter quando uma ministra se ergue diante deles usando um vestido. “Uau!” Realmente? O que é isso, Confissões de uma Ministra Francesa? Cinquenta Tons de Risca-de-giz? O vestido de Duflot não era sequer uma coisa provocativa como o de Jessica Rabbit: justo, sinuoso, talvez com uma fenda até a coxa, com o próximo projeto de lei enfiado na liga. Era um modelo floral recatado — algo que você poderia imaginar [a apresentadora de TV britânica] Kirstie Allsopp usando no casamento de sua terceira melhor amiga. Se isso é tudo o que é preciso para deixar os políticos perigosamente excitados, que os céus ajudem a França — na próxima vez eles entrarão em êxtase ao ver o tornozelo das moças.

 

Duflot diz que nem todos os homens são assim, e ela prefere pensar em “homens feministas”. Sim. Mas por que as mulheres políticas deveriam se endurecer tanto para esse tipo de terrível pantomima redutiva? Duflot ficou famosa por usar jeans em uma reunião de gabinete, mas foi necessário um vestido para expor a grosseria oportunista do poder político predominantemente masculino. Jacques Myard disse que os assobios de lobos foram apenas um tributo à beleza de Duflot. Para Patrick Balkany, a ministra provavelmente usou o vestido “para que não escutássemos o que ela dizia”.

 

Não é de surpreender que esses dois, e muitos outros que assobiaram, fizeram olhares lascivos e rugiram, estão no partido de oposição União por um Movimento Popular (UMP). O que eles fizeram não foi apreciação, ou mesmo uma piada, foi fria estratégia política — usar o gênero de uma mulher contra ela.

 

Escrevi anteriormente sobre como as mulheres políticas não podem vencer quando sua aparência está em jogo. Arrumadas demais, elas são rejeitadas como dondocas, desesperadas, ou ambos; de menos, são condenadas como monstras assexuadas que desistiram de si mesmas. É o destino da mulher política ser vista e não ouvida. Ou, de todo modo, muito mais vista (julgada, objetificada, zombada) do que consegue ser ouvida.

 

No entanto, qualquer político, homem ou mulher, não é nada se não for ouvido adequadamente. O que transforma em zombaria o raciocínio segundo o qual talvez essas mulheres apreciem incidentes como esse, porque lhes dão uma condição de mártires feministas e destacam seus perfis.

 

Na realidade, esses eventos fatalmente prejudicam a mulher envolvida, enfraquecendo sua mensagem e desperdiçando seu ímpeto. Depois da Assembleia Nacional, ninguém comentou o que Duflot realmente disse, apenas seu vestido florido. Um caso clássico de “política interrompida”.

 

É uma questão que continua surgindo: esse é o modo padrão do homem político, sexista-juvenil? Existem “homens feministas” suficientes para fazer diferença? Na verdade, talvez esse incidente seja apenas mais um indicador da preocupação maior de se as mulheres podem esperar um tratamento completamente igualitário na política.

 

Do que aconteceu na França ao terrível e revelador “acalme-se, querida” de David Cameron para a trabalhista Angela Eagle, parece haver uma tendência desconcertante de mandar as mulheres se calarem assim que tentam abrir a boca.

 

Desta vez foi um vestido, mas na verdade poderia ser qualquer coisa — a ponto de nunca ter a ver com o que uma mulher disse, mas com a rapidez e eficiência dos “rapazes” para silenciá-la antes que pudesse falar.

Copa do Mundo e Olimpíadas: um sonho que pode virar pesadelo.

Foto: ReutersPorto Alegre, assim como as outras onze cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo 2014, vivem o clima de que tudo tem que ser pensado para a Copa… Desde as praças aos aeroportos, todas as mudanças se justificam pelo evento.

Meu temor, como expressei em postagem recente, é que tudo vire um “Banheiro do Papa”. Oxalá que não…
Na próxima sexta-feira começa a Olimpíada de Londres. Muitos talvez nem se dêem conta, pois, para a Globo, só existe a de 2016 no Rio de Janeiro… Eles perderam os direitos de transmissão e só vão poder dar notícias. Quem quiser ver a Copa, terá que ligar-se na Record do Edir Macedo que, agora todos sabemos, é fã de esportes olímpicos e outros nem tão olímpicos…
Reportagem publicada hoje no site da BBC Brasil mostra que nem tudo são ouros no quesito lucratividade olímpica. É bom ler e depois não fazer-se passar por desavisado. Clique no link BBC Brasil – Notícias – Londres 2012: Especialistas questionam impacto positivo de Jogos no turismo e leia reportagem na íntegra.

Mortes por Aids caíram 24% de 2005 a 2011, aponta relatório da ONU

 

Um relatório do programa da ONU contra a Aids (Unaids) divulgado nesta quarta-feira revela importantes avanços globais no combate à doença.

Segundo o documento, as mortes causadas pela doença caíram 24% entre 2005 e 2011. Há sete anos, 2,2 milhões de pessoas morreram por causa da doença; em 2011, foram 1,7 milhão.
A redução no número de mortes reflete o aumento do tempo de vida dos soropositivos – que, na década de 1980, era de cinco meses e, hoje, chega a dez anos ou mais.
Os dados apontam ainda que, em 2011, 8 milhões de pessoas com HIV em países subdesenvolvidos recebiam tratamento adequado, número 20% maior do que em 2010 (6,6 milhões). Como consequência, as novas infecções entre crianças baixaram pelo segundo ano consecutivo.
Em 2011, diz a Unaids, 57% das 1,5 milhão de mulheres soropositivas grávidas foram tratadas com antirretrovirais para prevenir a transmissão do vírus a seus filhos. Em 2010, 48% receberam o mesmo tratamento.
A melhora nos índices, segundo o relatório, põe o mundo no caminho de obter “uma geração livre de Aids”. Para isso, porém, a Unaids diz que a meta de tratar 15 milhões de soropositivos até 2015 deve ser alcançada.
Apesar dos avanços, o relatório diz também que houve 2,5 milhões de novas infecções pelo HIV em 2011, aumentando o total de soropositivos no mundo para 34,2 milhões.

Inverno em Vila Flores!

Desde domingo estou em Vila Flores (Serra Gaúcha) participando de uma Semana de Retiro. Tempo para descansar e repor as energias físicas, psíquicas e espirituais.
Tempo também para curtir o frio da Serra que há anos não tinha oportunidade de fazer. Por coincidência, parece que o Sr. Inverno tinha reservado um bocado de energias para estes dias. Desde domingo a neblina tomava conta do panorama e a temperatura não chegava aos dez graus. Hoje, no fim da tarde, o sol conseguiu romper o bloqueio e tivemos um por-de-sol fantástico! E, para amanhã, o que se anuncia é uma grande geada!

Abaixo algumas fotos do inverno em Vila Flores.

Vida Religiosa e política: o exemplo que vem dos Estados Unidos.

O texto abaixo é de Raul Juste Lores e foi publicado na versão digital da Folha de São Paulo no dia 17 de julho. Mantemos o texto original, mesmo que, explicitamente no título e também na matéria, deixe transparecer seu preconceito contra os democratas e as religiosas. No todo, vale a pena ler!

 

Freiras viajam os EUA contra cortes e se tornam queridinhas da esquerda

O Vaticano já reclamou da agenda política delas e as acusou de “feminismo radical”. As freiras da associação Network – Lobby Nacional Católico para Justiça Social, com sede em Washington, não parecem muito dispostas a abandonar o ativismo que as transformou nas queridinhas da esquerda americana.
Sua maior bandeira é atacar a proposta orçamentária do deputado republicano (e católico praticante) Paul Ryan, que sugere vários cortes na verba federal para educação, saúde e habitação.
No início do mês, elas concluíram uma caravana de 15 dias num ônibus que percorreu 3.800 km por nove Estados dos EUA (equivalentes a ir de São Paulo a Santiago do Chile). Fizeram 31 paradas e protestos diante das casas de deputados republicanos ou em entidades de sem-teto.

Brigitte Dusseau/France Presse
Simone Campbell, 67, discursa diante do Legislativo em Harrisburg (Pensilvânia), uma das paradas da caravana
Simone Campbell, 67, discursa diante do Legislativo em Harrisburg (Pensilvânia), uma das paradas da caravana

“Até a alimentação de quem nada tem está ameaçada. Infelizmente, muitos que se dizem religiosos neste país culpam os pobres por sua pobreza, ainda que sejam ricos por um sistema que os beneficia”, disse à Folha a diretora-executiva da Network, irmã Simone Campbell.
“Do sistema tributário ao orçamento, as vantagens são justamente para quem diz que conseguiu tudo sozinho.”
Agora, as freiras preparam vigílias em Washington nos meses que antecedem o pleito presidencial de novembro.
“Obama é tão melhor que Bush! Ele aprovou a universalização da saúde. Muita gente não entende como o país mais rico do mundo não tinha isso. Mas a oposição republicana não deixa aprovar muitos projetos”, reclama.
Agora que o movimento “Ocupe Wall Street” de Nova York se resume a alguns poucos sem-teto e anarcopunks, as freiras são festejadas pela esquerda. A irmã Campbell foi entrevistada na CNN, na MSNBC e até no programa do comediante Stephen Colbert.
Sempre vestida com blazers, brincos e camisas coloridas, frequentemente com a gola para fora, a freira foi provocada pelo humorista, que encarna um conservador radical em seu programa.
“Por que a senhora não usa hábito, algo mais formal?” Rindo, ela respondeu que estava “retornando às raízes”. “Ao longo da história, freiras usavam roupas do dia a dia.”
O Vaticano já pediu para o equivalente da CNBB americana monitorar o ativismo das freiras. Campbell desconversa. “Está nos Evangelhos a defesa dos mais pobres. No atual papado, há documentos muito interessantes a favor de comércio mais justo e regulamentação financeira.”
Ela alega que a Network luta há 40 anos por justiça social e econômica. “Mas parece que tem gente no Vaticano que não entende e quer que só fiquemos atacando o casamento gay ou o aborto. Trabalhamos para os pobres, é nossa missão, e muitos no Vaticano estão do nosso lado.”
Segundo o instituto Pew, os católicos nos EUA não diferem muito da média americana “”pouco mais da metade apoia o casamento gay. Mas, até hoje, os três candidatos católicos a disputar eleição por um partido dominante (Al Smith, John Kennedy e John Kerry) eram democratas.
Nas últimas eleições, Al Gore (2000), George W. Bush (2004) e Barack Obama (2008) obtiveram a maioria dos votos dos católicos.

Rosane Collor: por que na Globo?

Patética a entrevista de Rosane Collor no Fantástico do último domingo. As redes sociais já fizeram parte do serviço através do humor – bom e sarcástica – explorando o prato cheio do ridículo a que a ex-Primeira Dama do Brasil se expôs. Desnecessário, pois em cachorro morto não se bate…
De minha parte, confesso que também assisti à entrevista. Foi difícil, primeiro, por ter que aguenta o amontoado de abobrinhas que é o programa dominical noturno da Globo que, de fantástico, só tem o nome. Segundo lugar, por estar em Vila Flores, na Serra Gaúcha, onde fazia um frio de zero graus! Mesmo embaixo das cobertas, não é fácil aguentar…
Mas o que me moveu, mais do que as manchetes anunciando revelações bombásticas sobre corrupção, magia negra, cocaína, PC Farias e outras tantas coisas prometidas e não cumpridas, foi algo que até agora, nas redes sociais e na “grande imprensa” (que de grande só tem o tamanho e, às vezes, nem esse), ainda não apareceu: quais seriam as razões que levaram à Decadente Platinada a retomar o tema Collor?
Há algo mais por trás de toda essa história que ainda não veio à tona. Não consegui ver nenhuma pista na longa e modorrenta entrevista. Se alguém conseguiu ver, avisa! Mas acho que é bicho do grande… O investimento foi grande e não deve se resumir aos 18 mil de pensão da Rosane. Não tô pagando, mas quero ver!

"O Banheiro do Papa" e a Copa do Mundo

Quem assistiu ao Filme Uruguaio “O Banheiro do Papa” não pode deixar de se emocionar com a história de Beto e sua família. Beto é um daqueles pequenos contrabandistas de fronteira que, com sua bicicleta, sobrevive levando o que é mais barato no Brasil para o Uruguai e vice-versa. Vive fugindo da polícia que o explora, a ele e a seus companheiros de faina e das recriminações da mulher e da filha que, num país em crise, não vêem nem perspectiva e nem outra possibilidade. A “grande chance” surge quando, em 1988, o Papa João Paulo II visita a cidade de Mello. O fervor não é tanto religiosos, mas econômico, pois todos passam a ver na visita do Papa a possibilidade de ganhar um dinheiro extra em tempos tão duros. Rapidamente se espalha o boato de que caravanas estão se organizando no Brasil e que serão milhares – quizás um milhão – os brasileiros que irão a Mello ver o Papa. Todos começam a vender seus poucos bens para comprar ingredientes para fazer comida para vender aos visitantes. Beto tem uma idéia inovadora: construir um banheiro e alugá-lo para os visitantes. Afinal, se todos vão comer, todos também terão que fazer outras necessidades fisiológicas. Decidido a não perder a oportunidade, Beto vai ao Aceguá e contrabandeia o material para o banheiro, deixa tudo pronto, mesmo que em cima da hora e, no dia, não chega ninguém! Apenas algo em torno a 8.000 pessoas chegam para ver o Papa. Dos brasileiros, nem notícia… Toda a comida preparada se perde e o banheiro de Beto só recebe uma cliente!
Hoje de tarde, ao passear pela orla do Guaíba e ver tantas obras em andamento na expectativa da Copa do Mundo, minha amiga Lúcia lembrou: oxalá não passe com as obras de Porto Alegre o que passou com o Banheiro do Papa…
Eu não quero nem pagar e nem ver!