Arquivo mensal: outubro 2010

Nota da Comissão Brasileira Justiça e Paz

O MOMENTO POLÍTICO E A RELIGIÃO

Amor e Verdade se encontrarão. Justiça e Paz se abraçarão(Salmo 85)

A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) está preocupada com o momento político na sua relação com a religião. Muitos grupos, em nome da fé cristã, têm criado dificuldades para o voto livre e consciente. Desconsideram a manifestação da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de 16 de setembro, “Na proximidade das eleições”, quando reiterou a posição da 48ª Assembléia Geral da entidade, realizada neste ano em Brasília. Esses grupos continuaram, inclusive, usando o nome da CNBB, induzindo erroneamente os fiéis a acreditarem que ela tivesse imposto veto a candidatos nestas eleições.

Continua sendo instrumentalizada eleitoralmente a nota da presidência do Regional Sul 1 da CNBB, fato que consideramos lamentável, porque tem levado muitos católicos a se afastarem de nossas comunidades e paróquias.

Constrangem nossa conciência cidadã, como cristãos, atos, gestos e discursos que ferem a maturidade da democracia, desrespeitam o direito de livre decisão, confundindo os cristãos e comprometendo a comunhão eclesial.

Os eleitores têm o direito de optar pela candidatura à Presidência da República que sua consciência lhe indicar, como livre escolha, tendo como referencial valores éticos e os princípios da Doutrina Social da Igreja, como promoção e defesa da dignidade da pessoa humana, com a inclusão social de todos os cidadãos e cidadãs, principalmente dos empobrecidos.

Nesse sentido, a CBJP, em parceria com outras entidades, realizou debate, transmitido por emissoras de inspiração cristã, entre as candidaturas à Presidência da Republica no intento de refletir os desafios postos ao Brasil na perspectiva de favorecer o voto consciente e livre. Igualmente, co-patrocinou um subsídio para formação da cidadania, sob o título: “Eleições 2010: chão e horizonte”.

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, nesse tempo de inquietudes, reafirma os valores e princípios que norteiam seus passos e a herança de pessoas como Dom Helder Câmara, Dom Luciano Mendes, Margarida Alves, Madre Cristina, Tristão de Athayde, Ir. Dorothy, entre tantos outros. Estes, motivados pela fé, defenderam a liberdade, quando vigorava o arbítrio; a defesa e o anúncio da liberdade de expressão, em tempos de censura; a anistia, ampla, geral e irrestrita, quando havia exílios; a defesa da dignidade da pessoa humana, quando se trucidavam e aviltavam pessoas.

Compartilhamos a alegria da luz, em meio a sombras, com os frutos da Lei da Ficha Limpa como aprimoraramento da democracia. Esta Lei de Iniciativa Popular uniu a sociedade e sintonizou toda a igreja com os reclamos de uma política a serviço do bem comum e o zelo pela justiça e paz.

Brasília, 06 de Outubro de 2010.

Comissão Brasileira Justiça e Paz,
Organismo da CNBB

CNBB: grupos religiosos criam obstáculos para voto livre

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), manifestou-se, por meio de nota, “preocupada com o momento político na sua relação com a religião”. “Muitos grupos, em nome da fé cristã, têm criado dificuldades para o voto livre e consciente”, afirmou a entidade, no comunicado.

A manifestação deve endereço certo: o bispo de Guarulhos (SP), d. Luiz Gonzaga Bergonzini, que tem pregado o voto contrário à candidata petista Dilma Rousseff e um debate sobre o aborto que tomou conta das campanhas dos dois candidatos à Presidência.

“Dos males, o menor”, tem dito d. Luiz Gonzaga, ao defender o voto contrário a Dilma que, segundo ele, apoia o aborto. O bispo tem usado suas missas para acusar Dilma e o PT de terem incluído em seu programa de governo a defesa do aborto. Guarulhos, na Grande São Paulo, tem 1,3 milhão de habitantes.

Para o secretário-executivo da Comissão Justiça e Paz, Daniel Veitel, Dilma foi a única candidata que se declarou claramente a favor da vida. “O José Serra (presidenciável do PSDB) não tem uma posição clara”, criticou. Veitel lembrou que a CNBB não impôs veto a ninguém nas eleições. Afirmou ainda que alguns grupos continuam induzindo erroneamente os fiéis a acreditarem nisso.

“Constrangem nossa consciência cidadã, como cristãos, atos, gestos e discursos que ferem a maturidade da democracia, desrespeitam o direito de livre decisão, confundindo os cristãos e comprometendo a comunhão eclesial”, afirma a nota da comissão.

Guatemala reage com indignação à notícia de cobaias humanas

Setores políticos e sociais da Guatemala reagiram com indignação neste sábado depois de ser revelado que cientistas americanos inocularam doenças venéreas em 1,5 mil guatemaltecos sem seu consentimento na década de 1940 para a realização de experimentos médicos.

“Por mais que os Estados Unidos sejam uma superpotência, não podem fazer esse tipo de experimento. Usaram os guatemaltecos como ratos de laboratório, é importante que os familiares das vítimas recebam algum tipo de ressarcimento”, disse à imprensa o diretor do Escritório de Direitos Humanos do Arcebispado da Guatemala, Nery Rodenas.

Na mesma linha, a deputada da Frente Republicana Guatemalteca (FRG), Zury Ríos, advertiu que “não é suficiente dizer perdão”. “Necessitamos de uma compensação como Estado, por exemplo, um programa sólido de saúde sexual e reprodutiva.

Os experimentos em humanos feitos por americanos na Guatemala vieram à tona após uma investigação da doutora Susan Reverby, do Wellesley College, que descobriu os documentos em arquivos do doutor John Cutler (morto em 2003), que liderou esse programa de ensaios.

Cutler dirigiu em 1946 uma série de investigações sobre reações de medicamentos contra a sífilis, gonorreia e outras doenças sexualmente transmissíveis, inoculando essas doenças em cerca de 1.500 guatemaltecos para observar suas reações aos tratamentos.

Os “porquinhos-da-índia” foram recrutados entre soldados, prostitutas, pessoas com doenças mentais e reclusos guatemaltecos, segundo informação dada por autoridades americanas, que na quinta-feira passada informaram ao presidente Alvaro Colom sobre esses fatos e pediram desculpas.

“Dá raiva saber dessa notícia. Isso só confirma que os Estados Unidos e o capitalismo deixam de lado os valores humanos”, disse Cindy Aceituno, uma cidadã consultada pelo jornal Prensa Libre.

“Desculpas não bastam. Isso demonstra o despreço que esta nação (EUA) têm com os países do terceiro mundo”, afirmou Bernal Ehlert, outro guatemalteco ouvido pela imprensa local.

Na sexta-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e a secretária de Saúde americana, Kathleen Sebelius, condenaram os experimentos médicos realizados sobre guatemaltecos entre 1946 e 1948 e qualificaram o fato de “claramente antiético” e “condenável”.