OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE
Longa-metragem de Esmir Filho
Nada se mostra muito definido em Os Famosos e os Duendes da Morte, a começar pelo título enigmático do primeiro longa de Esmir Filho, em cartaz a partir da sexta-feira 2. Seu protagonista “sem nome” (Henrique Larré), garoto órfão de pai e arredio, redige um diário na internet e conta com uma interlocutora misteriosa. Parece o modelo urbano atual de convivência entre os jovens nas grandes cidades, mas o cenário é um vilarejo do Rio Grande do Sul povoado por alemães, onde todos se conhecem. Eles encaram como acidente os seguidos suicídios na ponte local.
É dessa realidade que o adolescente de 17 anos procurará fugir, sem empenhar-se. Da mesma forma anuncia a um dos poucos amigos a intenção de assistir a um show do ídolo Bob Dylan. Assim como a bruma que cobre a cidadezinha, os personagens seguem tomados por uma imobilidade estranha. O tom de estranhamento encerra boa parte do estímulo pela história contada a partir do romance autobiográfico de Ismael Caneppele. No mais, trata-se de abordar as descobertas naturais de um período da vida de transformações. Esmir disse ter feito um filme sobre jovens e para jovens. A opção pelo universo virtual no filme firma esse contrato. Seu talento, embrulhado no figurino “emo” do movimento emotional hardcore, parece ser mais do que um arroubo juvenil.