
O presidente de Cuba, Raúl Castro, teve um raro encontro com líderes da Igreja Católica nesta quarta-feira, em Havana.
Castro se reuniu com o cardeal cubano Jaime Ortega, líder da Igreja Católica no país, e também com o arcebispo de Santiago, Dionísio Garcia.
De acordo com informações de membros da igreja, a reunião de quarta-feira tocou em várias questões polêmicas como a dos dissidentes políticos presos em Cuba. No entanto, não há mais detalhes.
A reunião entre Castro e as autoridades da Igreja Católica ocorreu antes da visita do secretário do Exterior do Vaticano, arcebispo Dominique Memberti, que deve ocorrer em junho.
Os dissidentes esperam que a visita de Memberti possa levar à libertação de alguns prisioneiros políticos, segundo o correspondente da BBC em Havana Michael Voss.
O governo de Cuba afirma que os dissidentes políticos são mercenários, pagos pelo governo dos Estados Unidos.
No entanto, o jornal oficial cubano Granma informou que as discussões durante a reunião giraram em torno de questões domésticas e internacionais e o “desenvolvimento favorável” das relações entre Igreja e Estado.
Quando questionado se as discussões de quarta-feira poderiam levar a um acordo para a libertação de dissidentes, o arcebispo Dionísio Garcia, líder da conferência dos bispos de Cuba, foi cauteloso.
“Vai haver um processo e este processo tem que começar com pequenos passos, e estes pequenos passos serão tomados”, disse Garcia à agência de notícias AFP. “Esperamos que esta conversa vá nesta direção.”
No começo de maio, o cardeal Ortega foi o mediador bem-sucedido nas negociações entre as autoridades cubanas e o grupo das familiares de presos políticos, conhecido como “Damas de Branco”.
A negociação resultou no grupo obtendo permissão para retomar suas manifestações, sempre aos domingos, sem serem importunadas por partidários do governo.
Logo depois da revolução, Cuba se transformou oficialmente em um Estado ateu. Mas as relações com a Igreja Católica estão melhorando desde a histórica visita do papa João Paulo 2º à Cuba, em 1998.
Atualmente, de acordo com Michael Voss, é possível praticar uma religião e ser membro do Partido Comunista, mas a educação religiosa ainda não é permitida nas escolas.