Para os poucos visitantes que me dão a honra de, de vez em quando, passar por aqui e, nos últimos dias, constataram a minha ausência temporária, meu pedido de desculpas com a informação da razão de minha ausência. O que aconteceu é que, há mais ou menos uma semana, passeando pela beira do Guaíba, perto da Usina do Gasômetro, me encontrei com o Sr. Bóson de Higgs. Todos já devem ter ouvido falar dele, com certeza. Também é conhecido por Partícula de Deus. É o cara mais procurado do mundo. Construíram dois grandes laboratórios chamados de “Colisor de Adrons” para tentar achá-lo. Um construído por um consórcio europeu, entre a Suíça e a França. O outro, nos Estados Unidos, com mão de obra mexicana, técnicos indianos e paquistaneses e dinheiro chinês. Enfim, todo mundo tá atras d’Ele.
Pois o Sr. Bóson de Higgs me disse, num português fluente (afinal, se ele é Partícula de Deus e Deus é brasileiro, nada mais normal que fale português) que estava cansado do Big Brother High Tech que montaram para observá-lo e se mandou pro lado debaixo do Equador onde, apesar do país tropical, faz muito frio e a elegância manda que, mesmo num julho de 30 graus, vista-se sobretudo, manta, boné, luva e bota e assim, disfarçado de “portoalegrense mediano”, pudesse ter uma vida normal.
Minha tentação foi perguntar ao Sr. Bóson porque o procuravam tanto se a Partícula de Deus que dizem que ele é pode ser encontrada todos os domingos na Missa que o Padre reza na Igreja das Dores, logo ali na Rua da Praia… Num insante me dei conta de que a herética pergunta poderia ser tomada por ofensiva e me calei. Afinal, um bom portoalegrense deve receber bem os ilustres turistas – estamos treinando para a Copa! – e não fazer perguntas indiscretas.
Enquanto olhava para o lado da Ilha Grande , a dos Marinheiros, para ver como estava o céu e a possibilidade de oferecer ao Sr. Bóson o mais lindo Por de Sol do mundo, nesse meu instante de distração, o ilustre visitando, sem que eu percebesse, tomou emprestado um skate de uma criança e, rapidamente, afastou-se em direção ao Anfiteatro Por-do-sol. Perdi-o de vista e, a partir daquele dia, todas as tardes voltei ao Gasômetro para ver se encontrava o Sr. Bóson. Daí meu pouco tempo para alimentar esta página.
Mas, hoje de manhã, ao lêr a Zero Hora, minha busca foi recompensada. Numa reportagem sobre o México que, com a vitória eleitoral do PRI à Presidência voltou a ter a Democracia Perfeita onde não há necessidade de eleições mas já se sabe de antecedência quem vai ganhar, um grupo de atores amadores leva alegria e diversão aos bairros periféricos da capital com encenações gratuitas de luta livre. Entre os atores, uma figura que reconheci imediatamente: o Sr. Bóson de Higgs. Mesmo que a máscara de lutador não deixasse ver seu rosto, não tive dúvias: lá estava ele, anônimo em meio à multidão que o aplaudia! Deve estar muito feliz…
P.S.: Escrevo este post às 8h30min da manhã. Não tomei nem fumei nada. Ontem foi meu último dia de aula do semestre!…
Bóson de Higgs
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