Cisma: fundamentalistas católicos a um passo do acordo – Notícias DomTotal
Fundamentalistas da Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), contrários ao Concílio Vaticano II, fizeram concessões consideradas “encorajadoras” para retornar ao seio da Igreja, mas a decisão final caberá a Bento XVI que muito se mobilizou por sua reintegração.
“Recebemos uma resposta, ontem, efetivamente diferente das anteriores. Isso representa um passo à frente, uma evolução encorajadora”, explicou o jesuíta Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé.
A FSSPX, disse ele, também ofereceu “propostas e requerimentos” relativos ao “preâmbulo doutrinário” apresentado à fraternidade em setembro, pedindo algumas “explicações”.
Segundo o padre Lombardi, a resposta romana deverá ser divulgada em algumas semanas, tempo necessário para um exame por parte da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), sem dúvida no final de abril, e para que o Papa a analise e anuncie a decisão: “como não temos essas respostas, não podemos falar de um processo concluído”.
Num comunicado publicado em seu site DICI, a Fraternidade destacou que a resposta enviada a Roma é apenas “uma etapa, não um epílogo”.
Há alguns dias, correm alguns comentários sobre um acordo certo entre o Vaticano e esses fundamentalistas, destacando que eles baixaram o tom de suas críticas. Um vaticanista, Andrea Tornielli, afirmou na noite desta terça-feira que a resposta “será positiva”.
“A realidade é outra”, reagiu a FSSPX, num comunicado lacônico, ao mesmo tempo em que a Fraternidade arrisca a se dividir, com uma parte permanecendo rebelde ao poder da Santa Sé.
Fundada em 1970 em Ecône, na Suíça, por Monsenhor Marcel Lefebvre (falecido em 1991) e separada de Roma desde 1988, conta com 550 padres, num momento em que eles faltam à Igreja romana.
Alguns desejam se juntar aos numerosos tradicionalistas. Outros consideram que eles formam a única “verdadeira Igreja”, que Roma é inspirada pelo “diabo” e vítima de “um cisma progressista”.
Os que querem voltar ao seio da Igreja Católica poderão se beneficiar de uma “prelazia pessoal” sob a autoridade direta do Papa, como a que foi concedida ao movimento conservador Opus Dei.
O Papa faz da resolução desse cisma uma prioridade, fazendo muitas concessões. Em 1988, ele não se conformou com o fracasso das negociações que conduziu pessoalmente com Monsenhor Lefebvre.
Joseph Ratzinger levantou em janeiro de 2009 a excomunhão de quatro bispos da Fraternidade, entre eles o britânico Richard Williamson, conhecido por seus propósitos negacionistas sobre o extermínio dos judeus – uma medida que motivou muitos protestos.
Ratzinger também respondeu a duas outras reivindicações: autorizar a missa em latim da época anterior ao Concílio e abrir discussões doutrinais.
Essas negociações foram muito difíceis, com a Fraternidade questionando com insistência o Concílio Vaticano II (1962/65), visto por eles como um “desastre”.
Segundo eles, alguns desses textos essenciais, aprovados por 2.500 bispos entre 1962 e 1965, não são válidos: os sobre a liberdade religiosa, o colegiado dos bispos, o ecumenismo.
Destacam que não têm valor dogmático. O Vaticano aceita que possa ser aberto um debate sobre algumas formulações, mas não sobre o fundo.
O texto discutido há meses insiste na obrigação de todos os dissidentes aceitarem a “profissão de fé” da Igreja e o magistério do Papa e dos bispos.
Segundo Der Spiegel, os fundamentalistas não vão exigir mais que Roma volte atrás sobre as reformas do Concílio, registrando, simplesmente, a existência de divergências.
As apostas são vultosas, principalmente na França, onde a FSSPX passou por um desenvolvimento maior, nutrido pela herança da Ação Francesa.
Mas a reintegração dos fundamentalistas, que teriam uma concepção antiquada das relações Igreja-Estado e, com frequência, pontos de vista antissemitas, poderia mergulhar algumas Igrejas, principalmente a da França, numa crise.
“Recebemos uma resposta, ontem, efetivamente diferente das anteriores. Isso representa um passo à frente, uma evolução encorajadora”, explicou o jesuíta Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé.
A FSSPX, disse ele, também ofereceu “propostas e requerimentos” relativos ao “preâmbulo doutrinário” apresentado à fraternidade em setembro, pedindo algumas “explicações”.
Segundo o padre Lombardi, a resposta romana deverá ser divulgada em algumas semanas, tempo necessário para um exame por parte da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), sem dúvida no final de abril, e para que o Papa a analise e anuncie a decisão: “como não temos essas respostas, não podemos falar de um processo concluído”.
Num comunicado publicado em seu site DICI, a Fraternidade destacou que a resposta enviada a Roma é apenas “uma etapa, não um epílogo”.
Há alguns dias, correm alguns comentários sobre um acordo certo entre o Vaticano e esses fundamentalistas, destacando que eles baixaram o tom de suas críticas. Um vaticanista, Andrea Tornielli, afirmou na noite desta terça-feira que a resposta “será positiva”.
“A realidade é outra”, reagiu a FSSPX, num comunicado lacônico, ao mesmo tempo em que a Fraternidade arrisca a se dividir, com uma parte permanecendo rebelde ao poder da Santa Sé.
Fundada em 1970 em Ecône, na Suíça, por Monsenhor Marcel Lefebvre (falecido em 1991) e separada de Roma desde 1988, conta com 550 padres, num momento em que eles faltam à Igreja romana.
Alguns desejam se juntar aos numerosos tradicionalistas. Outros consideram que eles formam a única “verdadeira Igreja”, que Roma é inspirada pelo “diabo” e vítima de “um cisma progressista”.
Os que querem voltar ao seio da Igreja Católica poderão se beneficiar de uma “prelazia pessoal” sob a autoridade direta do Papa, como a que foi concedida ao movimento conservador Opus Dei.
O Papa faz da resolução desse cisma uma prioridade, fazendo muitas concessões. Em 1988, ele não se conformou com o fracasso das negociações que conduziu pessoalmente com Monsenhor Lefebvre.
Joseph Ratzinger levantou em janeiro de 2009 a excomunhão de quatro bispos da Fraternidade, entre eles o britânico Richard Williamson, conhecido por seus propósitos negacionistas sobre o extermínio dos judeus – uma medida que motivou muitos protestos.
Ratzinger também respondeu a duas outras reivindicações: autorizar a missa em latim da época anterior ao Concílio e abrir discussões doutrinais.
Essas negociações foram muito difíceis, com a Fraternidade questionando com insistência o Concílio Vaticano II (1962/65), visto por eles como um “desastre”.
Segundo eles, alguns desses textos essenciais, aprovados por 2.500 bispos entre 1962 e 1965, não são válidos: os sobre a liberdade religiosa, o colegiado dos bispos, o ecumenismo.
Destacam que não têm valor dogmático. O Vaticano aceita que possa ser aberto um debate sobre algumas formulações, mas não sobre o fundo.
O texto discutido há meses insiste na obrigação de todos os dissidentes aceitarem a “profissão de fé” da Igreja e o magistério do Papa e dos bispos.
Segundo Der Spiegel, os fundamentalistas não vão exigir mais que Roma volte atrás sobre as reformas do Concílio, registrando, simplesmente, a existência de divergências.
As apostas são vultosas, principalmente na França, onde a FSSPX passou por um desenvolvimento maior, nutrido pela herança da Ação Francesa.
Mas a reintegração dos fundamentalistas, que teriam uma concepção antiquada das relações Igreja-Estado e, com frequência, pontos de vista antissemitas, poderia mergulhar algumas Igrejas, principalmente a da França, numa crise.