Ele não vai ficar rico nem famoso. Seus “três dias de celebridade” passarão, a imprensa se esquecerá dele, os moradores da cidade voltarão a vê-lo como simples “varredor de rua” ou “lixeiro”, já que “gari” é um termo técnico, para não dizer “politicamente correto” usado para nominar as pessoas que, no dia-a-dia de nossas cidades, são anônimas.
Ele não terá o destino de se tornar popular e rico fazendo shows em todo o Estado e até fora dele. Ele não é o Guri de Urugaiana. É apenas mais um Gari de Uruguaiana.
Na sua consciência e na consciência de todos aqueles e aquelas que ainda acreditamos no ser humano e numa sociedade onde cada um viva conforme princípiois de honestidade e dignidade, Darson Pereira, um jovem de 25 anos que há doze meses trabalha na empresa que faz a limpeza das ruas da cidade da Fronteira Oeste, ele será mais um exemplo de que o ser humano tem possibilidades.
Para quem não acompanhou o caso, segue abaixo transcrição da reportagem divulgada pela RBS.
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Gari enco
ntra e devolve cheque em branco assinado em Uruguaiana, RS
Jovem de 25 anos encontrou duas folhas na rua, enquanto trabalhava.
Cheques eram de uma escola e seriam destinados a compra de material.
Mateus Koelzer Da RBS TV
O gesto de honestidade de um gari emocionou professores de uma escola estadual do município de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Nesta segunda-feira (6), ele encontrou dois cheques na rua e providenciou a devolução aos donos.
As folhas perdidas pertenciam a uma escola estadual e seriam destinados para a compra de material escolar. Um dos cheques estava em branco e assinado. O outro, preenchido com o valor de R$ 150. O gari Darson Pereira encontrou os cheques enquanto trabalhava e os entregou ao chefe, que providenciou a devolução à escola.
O ato deixou uma das professoras da escola comovida. “Para nós, educadores, ficou tão claro que sempre vale a pena investir no elemento humano, no ser humano mesmo”, disse a professora Helena Ramos.
Chefe de Darson, o empresário Marcio Guedes não esconde o orgulho do funcionário, que se tornou referência no local onde trabalha. “Essas atitudes, infelizmente, são exceção no nosso país. Esta não é a realidade do nosso país e a gente precisa mudar essas coisas”, afirmou.
Darson Pereira, de 25 anos, trabalha como gari há exatamente um ano. Ele dedica oito horas por dia na limpeza das ruas de Uruguaiana. Ao ver seu gesto virar exemplo na cidade, ele disse que apenas seguiu o que aprendeu com os pais.
“A gente vem de um exemplo cristão em casa e traz isto para o nosso serviço. Como o cheque tinha endereço e nome, automaticamente minha atitude foi entregar para o meu chefe, para que ele devolvesse para os verdadeiros donos”, lembrou.