http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story2007/11071114_valquiriafreirasebc.shtml
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Até o momento, o Vaticano não revogou a decisão sobre as freiras |
Há sete anos na paróquia, as freiras eram responsáveis pela catequese e pela pastoral juvenil.
No entanto, em outubro, no momento da renovação do contrato de colaboração entre a paróquia e a ordem das irmãs, o bispo da diocese de Albano decidiu que elas deveriam prestar serviços “materiais” a dois sacerdotes por 800 euros mensais, cerca de R$ 2.060 reais divididos entre as três.
Insatisfeita, a madre superiora considerou a proposta inaceitável e o bispo Marcello Semeraro decidiu afastar as irmãs.
‘Tarefas de mulher’
“Lavar, passar, cozinhar, arrumar o guarda-roupa são tarefas que podem ser feitas por uma mãe, por uma mulher que trabalha fora e também por nós. Isso não é um problema”, disse à BBC Brasil uma missionária de Santa Gemma, que pediu para não ser identificada.
“Mas, na igreja, estavam três irmãs preparadas para a pastoral. A madre superiora não aceitou que, de uma hora para outra, passassem a servir os sacerdotes.”
A decisão do bispo motivou a revolta dos fiéis que prepararam um abaixo-assinado com mais de 1,5 mil assinaturas pedindo o retorno das religiosas.
O documento dos paroquianos diz que as missionárias foram discriminadas e “caçadas” por se negarem a fazer serviços domésticos.
“Não escondemos a nossa amargura e incredulidade, porque somos conscientes de que as irmãs constituem uma presença evangelizadora importante”, diz um trecho da carta enviada ao bispo.
Único jeito
Eles sabem o incômodo que a carta causou ao bispo Semeraro, mas acham que o protesto é a única maneira de trazê-las de volta.
“Estamos diante de uma hierarquia eclesiástica que reconhece um papel sob medida para as mulheres consagradas: primeiro, elas “passam pela casa” do pároco e trabalham como donas-de-casa. Só depois, podem ascender e prestar serviços em favor do povo de Cristo, em todas as formas necessárias”, diz a carta dos fiéis.
A nota diz ainda que “ninguém na Cúria parece ter considerado que as irmãs são uma referência espiritual para a vida das pessoas”.
Contrários a transformar as missionárias de “esposas de Cristo” a servas dos párocos, os fiéis prometem não desistir até o retorno das três irmãs.
Até o momento, os paroquianos não foram atendidos e as religiosas seguem fora da paróquia.